MACBETH

Giuseppe Verdi - Festival de Salzburgo

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de Giuseppe Verdi
Festival de Salzburgo
Duração total: 02:26
Cantada em italiano

Ópera em quatro atos, encenada pela primeira vez no Teatro della Pergola, em Florença, a 14 de março de 1847.
Libreto: Francesco Maria Piave e Andrea Maffei
Inspirada na tragédia de William Shakespeare

Maestro: Philippe Jordan
Diretor: Krzysztof Warlikowski
Orquestra: Filarmônica de Viena
Coro: Ópera do Estado de Viena dirigido por Jörn Hinnerk Andresen

Asmik Grigorian (Lady Macbeth, soprano)

Vladislav Sulimsky (Macbeth, barítono)

Tareq Nazmi (Banco, baixo)

Jonathan Tetelman (Macduff, tenor)

Três feiticeiras anunciam ao general Macbeth que ele está destinado a ser o rei da Escócia. Encorajado por sua mulher, ele mata o rei, assume o trono e, em seguida, movido por sua paranoia, assassina outras pessoas. Tem início uma guerra civil para depor Macbeth, provocando mais mortes.

Macbeth foi uma ópera encomendada para o carnaval, em Florença. O teatro se viu obrigado a abrir as portas bem mais cedo devido ao interesse despertado e o público que lotou a casa garantiu o triunfo desta obra. Duas outras versões se seguiram, uma em francês, em Paris, a 19 de abril de 1865, e a versão final, em italiano, em Milão a 28 de janeiro de 1874. 

A nova produção da ópera de Verdi pelo “terrível polonês” era bastante aguardada: as óperas de Warlikowski são como montanhas-russas: uma viagem de tirar o fôlego com seus altos e baixos, das quais não se sai ileso, como nesse Macbeth, que abrange grandes momentos em termos de teatro, seguidos de outros menos convincentes, sendo, contudo, de modo geral, uma experiência marcante. 

Nessa produção original, a ausência de filhos – e, portanto, de descendência – é o tema central da dramaturgia, ainda mais do que a sede de poder: se não se tem ninguém a quem deixar a herança, qual o sentido de tudo? 

E crianças há muitas em cena: as das profecias, certamente, mas também os filhos de Macduff, vítimas do massacre de inocentes quando sua mãe decide envenená-los a todos, e ela igualmente, para não entregá-los “às garras desse tigre”. 

Essa dramaturgia audaciosa se apoia em dois intérpretes capazes de se apropriar da visão particular do diretor, o que Asmik Grigorian e Vladislav Sulimskij conseguem fazer à perfeição. Ela, lituana; ele, bielorrusso, todos os dois dominam as palavras de Verdi, assim como a psicologia dos personagens, criando um casal magnético notável no plano teatral e vocal. Aliás, foi aqui, em Salzburgo, que Grigorian começou sua extraordinária carreira, revelando-se no papel de Salomé na produção de Castelucci. As qualidades cênicas da artista são sublimes, suas qualidades vocais quase no mesmo nível. E mesmo aqui, nesse papel de grande risco, ela não decepciona, atendendo às expectativas, criando um personagem ao mesmo tempo humano e trágico, sem cair no excesso de maldade em que geralmente incorrem os que desempenham o papel. 

Vladislav Sulimsky é um Macbeth atormentado, que logo se descola da realidade, mergulhando no abismo de uma quase demência. A voz é bastante elástica e expressiva e seu “Pietà, rispetto, amore” é absolutamente convincente, assim como o “Mal per me che m’affidai” na conclusão (a ária reencontrada da versão de 1847). 

Todos os segundos papéis são excelentes, seja Tareq Nazmi, como Banco, operando seu fraseado com a destreza de um violinista, ou Jonathan Tetelman, estrela ascendente entre os tenores que, na sua “Paterna mano”, faz brilhar um grande sol obscuro, com todas as variações de cores e intensidade que levam este Macduff ao triunfo. 

A Orquestra Filarmônica de Viena se apresenta sob a direção apaixonada de Philippe Jordan, que respeita as vozes em cena, com dinâmicas rápidas, mas não precipitadas, cores e luzes admiravelmente realizadas pelos extraordinários instrumentistas da orquestra. 

No conjunto, trata-se de uma performance impressionante, que foi saudada com entusiasmo pelo público.  

           

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