de Giacomo Puccini
Teatro Alla Scala de Milão
Duração: 01:56
Cantado em Italiano
Ópera em três atos, apresentada pela primeira vez na Ópera de
Monte Carlo a 27 de março de 1917
Libreto: Giuseppe Adami
Maestro: Riccardo Chailly
Diretor: Irina Brook
Orquestra e Coro: Teatro Alla Scala de Milão
Mariangela Sicilia (Magda, soprano)
Rosalia Cid (Lisette, soprano)
Matteo Lipi (Ruggero, tenor)
Giovanni Sala (Prunier, tenor)
Pietro Spagnoli (Rambaldo, barítono)
Magda de Civry, num impulso frívolo, tenta escapar da sua condição de mulher da alta sociedade e de seu amante e protetor Rambaldo. Ela não hesita em satisfazer seu capricho, mesmo que às custas do jovem Ruggero, a quem ela acaba abandonando.
O Teatro alla Scala propõe uma nova produção de La Rondine trinta anos após sua última passagem pelo palco em Milão e cem anos depois do desaparecimento de Giacomo Puccini. Estreada em 1917, La Rondine é uma ópera pouca encenada nos nossos dias, composta por Puccini no fim de sua vida, antes das suas duas últimas obras, Il Trittico e a inacabada Turandot.
Encomendada para um teatro de Viena, onde não pôde ser encenada devido à eclosão da Primeira Guerra, essa commedia lirica se inspira nas operetas vienenses. A história se passa em Paris e na Côte d’Azur, no período do Segundo Império, e fala das renúncias da vida – pequenas e grandes – com as quais devemos conviver e às quais temos de fazer face. O amor, evidentemente, ocupa o centro das preocupações.
A acolhida da obra por ocasião da sua estreia em Mônaco foi morna – a ponto de fazer com que só em 1940 ela fosse ouvida pela primeira vez no Scala de Milão e que fosse preciso esperar até 1994 para que voltasse a ser apresentada naquele teatro.
Trata-se, portanto, de uma raridade, cuja montagem foi confiada dessa vez à diretora e atriz franco-britânica Irina Brook, que propõe uma sutil atualização da obra ao centrar seu foco no ponto de vista de Magda e na tipologia das relações entre homens e mulheres.
Com algumas reminiscências dignas da Broadway, Irina Brook não se priva de sublimar as cenas mais intimistas, como o dueto romântico no fim do terceiro ato. Nele descobrimos o timbre generoso do tenor Matteo Lippi, admirando a facilidade com que sobrepõe sua voz à orquestra sem deixar transparecer nenhum esforço. Com uma voz de soprano muito clara, Rosalia Cid vive a criada Lisette com grande desenvoltura, sem deixar de atuar em perfeita sintonia com os colegas. O Prunier de Giovannin Sala assume plenamente seu papel de liderança nesta trama e o resto do elenco merece elogios sob todos os aspectos.
Contudo, a grande revelação é mesmo Mariangela Sicilia. Com um desempenho vocal irretocável, ela nos oferece uma Magda a um só tempo divertida e comovente, merecendo amplamente sua consagração pela plateia.
O coro, preparado por Alberto Malazzi, se revela de uma homogeneidade incomparável. No fosso da orquestra, os músicos brilham sob a batuta de Ricardo Chailly, que valoriza a partitura, trazendo à luz algumas de suas preciosidades ocultas.
Assim, a comédia lírica de Puccini, relativamente modesta pela sua forma, ilustra toda a singularidade e a força de seu autor: a Andorinha merece, enfim, sair de seu viveiro.