de Jacques Offenbach
Théâtre des Champs Elysées
Duração: 02:01
Cantada em francês
Ópera-bufa em três atos, encenada pela primeira vez a 6 de outubro de 1868 no Théâtre des Variétés, em Paris, numa versão em dois atos, mais tarde adaptada para três atos e quatro quadros a 25 de abril de 1874 ainda no Varietés.
Libreto: Ludovic Halévy e Henri Meilhac
Inspirada na peça de Prosper Mérimée: Le Carosse du Saint-Sacrement
Maestro: Marc Minkowski
Direção e figurinos: Laurent Pelly
Orquestra: Les Musiciens du Louvre
Coro: Ópera Nacional de Bordeaux
Marina Viotti (La Périchole, mezzo-soprano)
Stanislas de Barbeyrac (Piquillo, tenor)
Laurent Naouri (Don Andrés de Ribeira, vicerei do Peru, barítono-baixo)
Rodolphe Briand (Conde Miguel de Panatellas, tenor)
Em Lima, após diversas peripécias, um casal de cantores ambulantes indigentes consegue levar a melhor sobre o vice-rei do Peru, um obstinado falocrata.
La Périchole toma como inspiração a vida da atriz e cortesã peruana Camila Périchole, a qual se inspirou ela mesma na figura histórica de Micaela Villegas, conhecida como “la perra chola” (literalmente, a “cadela mestiça”), atriz e amante de Manuel de Amat y Juniet, vice-rei do Peru entre 1761 e 1776.
Se a obra não é unanimemente aclamada pela crítica, sua música em compensação passa a ser amplamente executada e difundida, com seus refrões se tornando muito populares. Mais “política” do que Vie Parisienne devido à caricatura que faz do poder nas altas esferas, essa sátira social cativante está impregnada do espírito irreverente e libertino que garantiu a fama do compositor.
Sabe-se que desde a montagem por eles de Belle Hélene, encenada no Châtelet, em 2000, que Marc Minkowski e Laurent Pelly apreciam um Offenbach ágil e esfuziante. A primeira cena da sua Périchole já dá o tom, tomando um impulso irresistível, com a participação decidida de uma orquestra animada por uma furiosa energia.
No primeiro ato, passado o efeito de uma sequência de efeitos cômicos e das cores vivas do espetáculo, Laurent Pelly conduz o espectador a um outro universo, elegante – o palácio e seus enormes espelhos – e mais inquietante: a cela de um despojamento clínico em que são aprisionados Périchole e Piquillo, aquele por quem ela se apaixonou, e com quem se casa sem mesmo saber. O ritmo, contudo, é mantido em toda a sua tensão.
Laurent Naouri canta no papel de Don Andrés de Ribeira com sua voz cavernosa, da qual se vale em réplicas certeiras, tamanha a habilidade do ator em manipular seus efeitos. A linha vocal conserva um caráter redondo e uma projeção que lhe garantem uma autoridade que lhe cai muito bem. Marina Viotti mostra-se à vontade com seu corpo e seus gestos, oferecendo uma personagem maliciosa e cheia de iniciativa, cuja voz de mezzo mostra uma coloratura apropriada, proporcionando ao papel a leveza necessária. O Piquillo de Stanislas de Barbeyrac em nada corresponde ao temperamento ingênuo habitualmente associado ao papel. Aqui ele aparece como um rapaz rude e namorador, ora agressivo, ora lacrimoso. Sua voz se mostra sempre sedutora, ainda que sombria, e se arrisca ao explorar uma partitura complexa.
No fosso da orquestra, Mark Minkowski injeta uma energia bastante teatral, tirando partido do material sonoro e de um élan cômico. O som da orquestra dos Musiciens du Louvre é generoso, os instrumentistas atentos, tecendo uma malha sonora sempre com o cuidado de não abafar completamente o palco. Por último, o Coro da Ópera Nacional de Bordeaux se mostra em grande forma, oferecendo um som penetrante e disciplinado, com uma dicção clara, sabendo expressar com precisão os sentimentos da plebe.