ELEKTRA

Richard Strauss - Festspielhaus Baden-Baden

INGRESSOS PARQUE LAGE



de Richard Strauss
Festspielhaus Baden-Baden (Festival de Páscoa)
Duração: 01:47
Cantada em alemão

Ópera em um ato, apresentada pela primeira vez em 25 de janeiro de 1909 na Königliches Opernhaus, em Dresden (Alemanha).
Libreto de Hugo von Hofmannsthal, inspirado na peça do mesmo nome estreada em 1903.

Maestro: Kirill Petrenko
Diretor: Philipp M. Krenn e Philipp Stölzl
Orquestra: Filarmônica de Berlim

Nina Stemme (Elektra, soprano)

Michaela Schuster (Clitemnestra, mezzo)

Elza van den Heever (Crisotemis, soprano)

Johan Reuter (Orestes, barítono-baixo)

Ao voltar da Guerra de Troia, Agamênon é assassinado por sua mulher, Clitemnestra, e pelo amante desta, Egisto. Elektra, filha de Clitemnestra e de Agamênon, leva seu jovem irmão para longe, para protegê-lo.

Elektra, versão de uma peça de Sófocles preparada para o público da Viena do início do século XX, foi o primeiro libreto de uma série de seis, fruto da produtiva colaboração entre Richard Strauss e o dramaturgo e poeta Hugo von Hofmannsthal. Trata-se de uma obra composta para uma orquestra de grande formato, de acordo com a tradição pós-romântica. A instrumentação adotada é a mais robusta já prescrita por Strauss. 

Costuma-se dizer que a orquestração de Elektra se assemelha àquela adotada no ciclo do Ring por Richard Wagner, sobretudo nos metais, com a presença de tubas wagnerianas, do trompete baixo ou ainda do trombone contrabaixo. E ela se mostra revolucionária principalmente na medida em que as violas e os violoncelos são divididos em seções. Richard Strauss não apenas retomou instrumentos raros já presentes anteriormente em Salomé, como o heckelfone, a pequena clarineta em mi bemol ou ainda o contrafagote, como também acrescentou novos instrumentos, como os metais já mencionados ou as trompas baixo. Além disso, Strauss toma emprestado de Wagner o procedimento dos leitmotivs. 

A montagem de Elektra aqui apresentada é particularmente intensa. Além da onda sonora proporcionada pela Filarmônica de Berlim, que valoriza incansavelmente a partitura, os dois diretores – Philipp M. Krenn e Philipp Stölzl – quiseram claramente pôr em destaque a peça original de Hugo von Hofmannsthal, da qual a ópera foi extraída. Para isso, fazem com que o espectador fique imerso em uma tensão quase esquizofrênica, a um só tempo excruciante e fascinante. 

Hofmannsthal desejava para a sua peça um cenário exíguo, que transmitisse uma sensação de confinamento, sem possibilidade de fuga: nesta montagem esse objetivo foi em grande medida alcançado. Paralelamente, o que aqui é proposto evoca o cerne da psicanálise e um de seus motores: a relação entre a representação das palavras e das coisas. Cada palavra do libreto é assim projetada sobre os cantores ou sobre os degraus, cujas beiradas lembram tanto um caderno de folhas pautadas quanto uma página de partitura musical.  

Este procedimento é apaixonante, pois restitui plenamente o caráter “excessivo” dessa ópera, cuja essência mesmo é a extrapolação, o exagero. Sobretudo a redução do espaço e seu confinamento permitem às sonoridades se expandirem de uma maneira fora do comum no imenso espaço da sala. Poucas vezes se terá ouvido com tanta clareza a menor nuance sonora de uma partitura cujas cores e riqueza são extraordinárias. 

A escolha do elenco é impecável, levando o espectador a ficar envolvido pela complexidade de personagens com almas atormentadas. A soprano sueca Nina Stemme está fabulosa como uma Elektra ruiva, com uma cabeleira cujas mechas sugerem serpentes incandescentes. E canta em condições às vezes extremas. No papel da rainha, a mezzo bávara Michaela Schuster enfatiza os tormentos e terrores noturnos da soberana com seu timbre soturno, perfeitamente adequado à sua aparência fantasmagórica e assustadora. Fazendo um perfeito contraste, Elza van den Heever, magnífica como Crisóstemes, nos subjuga com a luminosidade, a beleza e as qualidades humanas da sua interpretação. Em Orestes, Johan Reuter oferece uma paleta ampla de sentimentos nuançados, em uma postura contida, que revela certa nobreza, apoiada em uma bela performance vocal. As outras interpretações não destoam, nem rompem a harmonia deste elenco de altíssima qualidade.

           

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