Sobre o Festival

O Festival Ópera na Tela retorna, enfim, ao Parque Lage após uma longa ausência, dessa vez não por causa da pandemia, mas em decorrência de uma diretiva da administração federal, que vigorou até 2022, impedindo que produtores culturais recorressem à Lei Rouanet para organizar mais de um evento por ano.

Felizmente a promoção da cultura – e o acesso a ela por parte de todos – voltou a se tornar uma prioridade para o país e é com enorme alegria que este ano mais uma vez apresentamos a vocês em grandes telas de cinema o melhor da produção lírica europeia.

Temos também a sorte de poder voltar a acolher o público no Parque Lage em dez noites mágicas.

Uma dessas noites será dedicada à descoberta de um músico importantíssimo, Josef Myslivecek, compositor tcheco admirado por Mozart e prestigiado em toda a Itália no século XVIII, personagem infelizmente caído mais tarde no esquecimento. O filme-espetáculo Il Boemo reconstitui sua vida trágica e movimentada em um grande momento do cinema e da música, que teremos a honra de apresentar em avant-première com a presença do diretor Petr Vaclav, convidado para o festival.

A ópera francesa estará especialmente bem representada este ano. Uma Carmen espetacular, uma dessas superproduções das quais apenas Zeffirelli detém o segredo, que encontra nas Arenas de Verona seu palco ideal e em Elina Garanca uma intérprete impecável. Um Hamlet surpreendente, dominado pelos talentos de Ludovic Tézier e Lisette Oropesa, dois notáveis cantores e atores. Romeu e Julieta, de Gounod, ganha uma montagem grandiosa e inebriante, encenada por Thomas Jolly, o diretor que Paris escolheu para conceber o espetáculo de abertura das próximas Olimpíadas, com Elsa Dreisig e Benjamin Bernheim nos papéis-título. E também a esfuziante obra-prima de Jacques Offenbach, La Vie Parisienne, apresentada pela primeira vez em sua versão original, com os figurinos extravagantes do estilista Christian Lacroix, que assina também a direção do espetáculo. E, enfim, para os amantes da dança, apresentaremos, em homenagem ao coreógrafo Maurice Béjart, uma série de três balés sobre composições de Stravinsky, Mahler e Ravel.

Como sempre, a Itália também estará presente com – apresentada pela primeira vez no festival – Il Trittico, de Puccini, espetáculo composto de três obras relativamente pouco conhecidas, porém marcantes, nas quais o público também poderá apreciar o encanto e o talento surpreendente da soprano Asmik Grigoria. E – é claro – o Scala de Milão, que nos oferece um Rigoletto tão sombrio como excepcional com, no papel-título, o excelente cantor mongol Amartüvshin Enkhbath, no papel do pai da doce Nadine Sierra, como uma comovente Gilda.

Enfim, last but not least, também a ópera alemã estará brilhando nas telas do Rio. Pela segunda vez desde a sua primeira edição, o Festival ousa apresentar a tetralogia de Wagner na sua forma integral, com Das Rheingold projetado ao ar livre e as três outras obras do ciclo sendo exibidas em salas de cinema do país. Uma produção da ópera de Berlim, numa encenação surpreendente do eterno provocador Dmitri Tcherniakov, sob a batuta de Christian Thieleman, que encarou o desafio de substituir Daniel Barenboim, missão da qual se desincumbiu com energia e brio.

A madrinha da edição de 2023 do Festival será a mezzo-soprano Eléonore Pancrazi, que virá especialmente da França para brindar nossos ouvidos com sua voz jovem e promissora num recital exclusivo.

Como sempre, o Festival segue dedicado à sua missão de democratização da ópera, com a organização da já célebre masterclass de canto lírico por Raphaël Sikorski e apresentação de diversas conferências gratuitas destinadas ao público adulto e às crianças das escolas. Agradecemos ao Theatro Municipal, ao Espaço Cultural Laura Alvim e aos cinemas do grupo Estação por acolher nossas atividades.

Agradecemos em especial ao banco Crédit Agricole, nosso principal patrocinador, sem o qual o Festival jamais teria acontecido este ano, e particularmente a seu presidente Yves-Marie Gayet e a seu diretor-geral Jean-Christophe Gilbert. Nosso maior reconhecimento também à fidelidade demonstrada pela Air France, pelos Laboratorios Servier e pelo grupo Accor, que nos apoia através das marcas All e Fairmont. Temos também a sorte de continuar a contar ao nosso lado – já há seis anos – com o MedRio e seu presidente Gilberto Ururahy, a quem agradecemos encarecidamente por sua colaboração.