Tosca

De Giacomo Puccini - Festival de Páscoa de Salzburgo

Ópera em três atos
Libreto de Giuseppe Giacosa e Luigi Illica
Baseado na peça La Tosca de Victorien Sardou (1887)
Cantada em italiano
Encenada pela primeira vez em 1900, Teatro Costanzi – Roma/Itália
Duração: 2h45

Maestro: Christian Thielemann
Diretor: Michael Sturminger
Diretores de Coro: Alois Glassner, Wolfgang Götz
Orquestra Orquestra Estatal de Dresden

Anja Harteros (Floria Tosca)
Aleksandrs Antonenko (Mario Cavaradossi)
Ludovic Tézier (Scarpia)
Andrea Mastroni (Cesare Angelotti)
Mikeldi Atxalandabaso (Spoletta)
Rupert Grössinger (Sciarrone)
Matteo Peirone (Sagrestano)

A cantora Floria Tosca e o pintor Mario Cavaradossi se apaixonam. O chefe da polícia
de Roma, o barão Scarpia, que deseja possuir Tosca, persegue um prisioneiro político
que se esconde na casa de Cavaradossi. Carpia manda que Cavaradossi seja torturado
até que Tosca aceite se entregar a ele. Tido como um traidor, Cavaradossi deve
morrer. Scarpia promete a Tosca que a execução será apenas simulada.

Desde 1889, Puccini já pensava em musicar o texto de Sardou, tendo conseguido obter
a permissão do autor, que aceita a supressão do segundo ato da peça. O dramaturgo
exige, no entanto, a manutenção do fim, rápido e violento, da obra. A primeira

apresentação, a 14 de janeiro de 1900 no Teatro Costanzi, em Roma, foi um completo
fracasso. Porém, o público, a princípio reticente, acabaria por transformá-la num
grande sucesso popular. O Teatro alla Scala retoma a apresentação da obra a partir de
17 de março sob a batuta de Arturo Toscanini.
Entre as cantoras célebres que interpretaram o papel de Tosca deve ser reservado um
lugar de destaque para Maria Callas, considerada por inúmeros especialistas como “a
Tosca do século”. Tosca constitui, além disso, o único registro em vídeo de uma
performance de Maria Callas em cena numa ópera (os restantes são apenas recitais): o
segundo ato foi filmado durante uma apresentação no Covent Garden, a 9 de fevereiro
de 1964, sob a direção de Franco Zefirelli, com Tito Gobbi como Scarpia e Renato Cioni
no papel de Cavaradossi.
Amor, ciúme, traição e morte : estes ingredientes fazem de Tosca uma das opções
favoritas no repertório das companhias de ópera internacionais. Michael Sturminger, o
diretor da versão por nós apresentada, qualifica a obra como um romance policial, pois
nela pessoas são colocadas diante de situações extremas. Foi essa convicção que o
levou a encenar Tosca como um filme noir.
Um tiroteio em um estacionamento subterrâneo da Roma dos dias de hoje: assim tem
início a encenação, antes mesmo que a música comece. Sturminger transpõe Tosca
para um passado recente e opta por uma estética cinematográfica, mostrando o
extraordinário que se esconde sob a aparência do quotidiano. O Scarpia do libreto
original é ninguém menos do que o político Giulio Andreotti, conhecido como “Il Divo”,
símbolo na Itália de uma união entre o poder político e o poder eclesiástico que se faz
em detrimento do povo. Seu adversário, o artista Mario Cavaradossi, é um
simpatizante das Brigadas Vermelhas. Floria Tosca se encontra entre dois homens: ela
se entrega a Scarpia/Andreotti para salvar seu amante Cavaradossi das garras da
máfia, porém, acaba sendo facilmente enganada: uma execução simulada termina por
se revelar uma realidade.
A montagem se mostra coerente e funciona até a última cena, mesmo que certas
liberdades tenham sido tomadas em relação à versão original. Aqui, diferentemente do
libreto, Scarpia sobrevive ao assassinato de Tosca e reaparece no local da execução de
Cavaradossi. Depois, Tosca e seu carrasco disparam um contra o outro. Para o
assassinato de Cavaradossi, os homens de Andreotti recrutam jovens de um colégio
interno católico, uma ideia capaz de dar calafrios.
A soprano greco-alemã Anja Harteros, a intérprete de Tosca, proporciona um agudo
absolutamente preciso, no qual se confundem desprezo e súplica, algo como um
açoite, que corta, mas, com uma emissão sempre muito pura, com uma impecável
linha de canto e um fôlego prolongado, em particular na famosa ária “Vissi d’arte”. Há
também o fato de que sua presença, o caráter preciso de sua interpretação e sua

atenção permanente ao texto, assim como sua apropriação de cada réplica, não
deixam de evocar uma outra lenda: Callas.
Ludovic Tézier, o intérprete do chefe de polícia Scarpia, está perfeito em seu papel de
chefão mafioso que esconde sua brutalidade atrás de uma postura séria e uma voz de
barítono suave e cativante.
O tenor Aleksandr Antonenko, no papel de Cavaradossi, canta sua célebre ária
“Lucevan le stelle” no teto do estacionamento subterrâneo no qual a ópera tem início.
Ao fundo, o firmamento noturno sob o toldo estrelado com a cúpula da Basílica de São
Pedro – uma imagem mágica.
O regente Christian Thielemann demonstra mais uma vez ser não apenas um grande
mestre no domínio da ópera alemã, como também um maestro que sabe encontrar o
tom adequado no repertório italiano. Sua interpretação é fluente e transparente. Sem
encobrir jamais a voz dos cantores, deixa que os metais soem plenamente quando isso
se faz necessário.

Ato I

Militante republicano em fuga, Angelotti se esconde na igreja de Sant’Andrea dela Valle, onde Mario Cavaradossi conclui uma pintura de Maria Madalena. O sacristão pondera que o retrato lembra uma mulher que costuma orar ali, mas Cavaradossi diz que para essa “beldade desconhecida”, pensa só em Tosca, sua amante. Angelotti deixa o esconderijo e Cavaradossi lhe oferece ajuda. Tosca chega e Angelotti volta a se esconder. Sonhando com o amor, ela diz a Cavaradossi que a encontre após sua récita noturna, mas reconhecendo na pintura a marquesa Attavanti, irmã de Angelotti, tem uma crise de ciúme. Cavaradossi reafirma seu amor e a convence a partir. Quando Angelotti reaparece, um tiro de canhão anuncia sua fuga e Cavaradossi oferece sua mansão como esconderijo. O chefe de polícia, Scarpia, busca o fugitivo, mas só encontra um leque esquecido na igreja pela marquesa. Quando Tosca volta, Scarpia a provoca dizendo que o retrato é de uma adúltera e mostra o leque como prova. Furiosa, Tosca vai à mansão de Cavaradossi, seguida pelos agentes de Scarpia. Em um Te Deum celebrando uma vitória da coroa sobre Napoleão, Scarpia sonha ter Tosca nos braços.

Ato II

No Palazzo Farnese, o chefe de polícia expressa o desejo por Tosca. O foragido não foi encontrado, mas Cavaradossi é interrogado sobre Angelotti; diz nada saber e é levado quando Tosca chegue. Ela ouve seus gemidos e Scarpia diz que ela pode pôr fim à tortura. Ela se recusa, mas, com mais tortura, acaba revelando o esconderijo de Angelotti. Cavaradossi sente-se traído por Tosca, mas exulta com a notícia de uma derrota da coroa e clama “Vitória!”. Scarpia manda executá-lo, mas diz a Tosca que, se ela se entregar a ele, ainda poderá salvar a vida do amante. Transtornada, ela pergunta se merece tal destino. Quando sabe do suicídio de Angelotti, aceita as condições de Scarpia, mas insiste que o amante também seja libertado. Scarpia diz que os dois poderão escapar após uma execução forjada. Quando ele assina um salvo-conduto, Tosca o apunhala no coração, gritando: “Morre, celerado! Morre! Morre!”.

Ato III

Algumas horas depois, à espera da execução no Castel Sant’Angelo, Cavaradossi pensa em Tosca. Súbito ela chega com o salvo-conduto. Conta como matou Scarpia e diz ao amante que uma carruagem os espera. Mas primeiro ele terá de passar por uma falsa execução. Cavaradossi é levado ao telhado do castelo e ouvem-se tiros. Ele tomba e Tosca diz-lhe que fique quieto até a partida dos soldados. Mas então ela percebe, horrorizada, que ele está morto. Chegando os policiais que veem prendê-la pelo assassinato de Scarpia, ela salta para a morte.


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