Romeu e Julieta

De Charles Gounod - Teatro do Liceu de Barcelona

Ópera em cinco atos
Libreto de Jules Barbier e Michel Carré
Baseado na peça homônima de William Shakespeare.
Cantado em francês
Encenada pela primeira vez em 1867 no Théâtre-Lyrique, Paris, França
Duração: 2h30

Maestro: Josep Pons
Diretor: Stephen Lawless
Figurino: Ashley Martin Davis
Diretora de coro: Conxita Garcia
Coro e orquestra do Liceu Opera Barcelona

Aida Garifullina (Julieta)
Saimir Pirgu (Romeu)
Tara Erraught (Estefano)
Susanne Resmark (Gertrude)
Isaac Galán (Páris)
Ruben Amoretti (Capuleto)
Nicola Ulivieri (Frei Lourenço)

Julieta foi prometida ao conde Páris, mas acaba se apaixonando por Romeu, cuja família está em conflito aberto com a sua. Frei Lourenço promete auxiliar os amantes na expectativa de que a união ajude a reconciliar as duas famílias. Contudo, é o oposto que acontece, com a rivalidade se exacerbando ainda mais. Frei Lourenço sugere uma estratégia, cujo fracasso terminará por levar os dois amantes à morte.

 

Charles Gounod, um dos grandes representantes do drama lírico francês – e de quem se celebra neste ano o bicentenário de nascimento – compôs Romeu e Julieta em 1867, por ocasião da Exposição Internacional de Paris. Àquela altura, já contava na sua obra com um grande sucesso, também fruto de uma adaptação, a do Fausto, de Goethe. Trabalhou, portanto, com os mesmos libretistas, Jules Barbier e Michel Carré, que se esforçaram para seguir de perto a obra de Shakespeare, exceto pelo fim. Na peça, ao despertar na sepultura, Julieta encontra Romeu morto, enquanto na ópera lhe resta ainda um sopro de vida, o que lhe permite cantar o magnífico duo final que termina com a morte de ambos.

Romeu e Julieta volta ao palco do Gran Teatre del Liceu após 32 anos de ausência. Essa coprodução com a Ópera de Santa Fé, dirigida por Josep Pons, traz em destaque Saimir Pirgu e Aida Garifullina nos papéis-títulos. A concepção de Stephen Lawness situa a ação no contexto da Guerra Civil nos Estados Unidos (1861-1865). Os dois apaixonados se movimentam num mausoléu, como numa prefiguração que – desde os primeiros momentos de sua história de amor – condicionará fatalmente seu destino.

A jovem soprano russa Aida Garifullina, que tivemos o prazer de revelar ao nosso público no ano passado em A donzela da neve, de Rimsky-Korsakov, está absolutamente deslumbrante no papel de Julieta, já interpretado por ela em 2017 na Ópera do Estado de Viena. Dotada de um grande desembaraço vocal e de um timbre lírico a um só tempo leve e consistente, com uma bela cor, ela possui igualmente uma belíssima presença cênica.

Romeu é interpretado pelo tenor albanês Saimir Pirgu, uma das melhores vozes do momento no registro tenor lírico-ligeiro. Ele volta ao Liceu, onde cantou pela última vez no papel de Macduff, em Macbeth. Apesar de sua idade – tem apenas 36 anos –, já conta com uma longa carreira no seu currículo.

Existem pelo menos 24 óperas inspiradas em Romeu e Julieta! A primeira, Romeu e Julieta (1776), é um singspiel, de Georg Benda, que corta boa parte da ação e a maioria dos personagens e termina com um final feliz. Em 1796, Nicola Antonio Zingarelli compôs uma versão intitulada Giulietta e Romeo, na qual a intriga, ainda que remanejada, conserva seu final trágico. O papel de Romeu foi criado pelo castrato Crescentini e, até a década de 1830, ele permanecerá como um dos favoritos de Maria Malibran.

A sinfonia dramática Roméo et Juliette, de Hector Berlioz, foi apresentada pela primeira vez em 1839. Piotr Ilitch Tchaikovsky compôs em 1869 seu poema sinfônico Romeu e Julieta, reformulado em 1870 e em 1880. A peça inspirou outros compositores clássicos, entre eles Johan Svendsen (Romeo og Julie, 1876), Frederick Delius (A village Romeo and Juliet, 1899-1901) e Wilhelm Stenhammar (Romeo och Julia, 1922).

O mais célebre dos balés inspirados na peça é Romeu e Julieta, de Serguei Prokofiev. O mais conhecido dos musicais adaptados a partir dela é West Side Story, com música de Leonard Bernstein e letras de Stephen Sondheim. Lançada na Broadway em 1957 e no West End em 1958, a produção originou uma adaptação para o cinema, em 1961.

Prólogo

O coro anuncia que só a morte de dois jovens amantes pôs fim à disputa centenária entre as famílias Montéquio e Capuleto.

Ato I

No baile de máscaras em sua mansão, lorde Capuleto apresenta sua filha, Julieta, aos convidados, entre eles seu sobrinho Tybalt. Romeu, jovem membro da odiada família dos Montéquio, entra na festa com Mercutio. Ele se diz perturbado por um sonho, mas Mercutio o provoca. De repente, Romeu vê Julieta e se apaixona perdidamente. A ama de Julieta, Gertrude, propõe o conde de Paris como marido ideal, mas Julieta diz que obedecerá ao coração. Chamando-a à parte, Romeu começa a cortejá-la. Mas são interrompidos por Tybalt, que ameaça Romeu. Capuleto impede que briguem.

 

Ato II

Escondido dos guardas dos Capuleto, Romeu espera que amanheça sob a janela de Julieta. Ela chega à varanda e lamenta que o fato de Romeu ser um Montéquio os separe. Romeu aparece e os dois declaram seu amor. Criados dos Capuleto buscam um Montéquio, mas em vão. Novamente sozinha com Romeu, Julieta pede-lhe que avise quando e onde poderão se casar.

Ato III

Frei Laurent, vendo uma oportunidade de paz entre as famílias, aceita celebrar secretamente o casamento. Ainda à espera no jardim dos Capuleto, o pajem de Romeu, Stephano, imagina pombinhos se beijando, mas é apanhado pelos criados dos Capuleto. Mercutio defende o rapaz, mas chega Tybalt, que luta com Mercutio. Romeu tenta separá-los, dizendo que passou o tempo do ódio. Mas a luta recomeça, e Tybalt mata Mercutio. Furioso, Romeu fere Tybalt mortalmente. O duque de Verona denuncia as duas famílias e manda Romeu para o exílio.

 

Ato IV

 

Na noite do casamento, Julieta perdoa Romeu pela morte do primo. Ao nascer o dia, Romeu deixa Verona. Capuleto comunica a Julieta que ela deverá se casar com Paris. Como ela resiste, ele decide que frei Laurent terá de convencê-la do seu dever. Mas o frade, pelo contrário, oferece-lhe uma poção que permite simular a morte. No dia seguinte, contudo, ela despertará, com Romeu ao seu lado. Julieta teme despertar junto ao corpo de Tybalt, mas por fim toma a poção. Trajando o vestido de noiva, Julieta está para casar com Paris quando tomba e é declarada morta.

 

Ato V

Frei Laurent fica sabendo que sua carta explicando a “morte” de Julieta não chegou a Romeu, que irrompe na catacumba dos Capuleto, vê o corpo inerte de Julieta e, inconsolável, beija-a e ingere veneno. De repente Julieta estremece, e por breve momento eles se imaginam em fuga. Mas Romeu confessa que, julgando-a morta, envenenou-se. Vendo-o perder as forças, ela se apunhala. Implorando o perdão de deus, os dois morrem nos braços um do outro.


Compre aqui seu ingresso