Don Giovanni
De Wolfgang Amadeus Mozart - Teatro dos Estados de Praga
Drama giocoso em dois atos
Libreto de Lorenzo da Ponte
Cantada em italiano
Encenada pela primeira vez em 1787 no Teatro dos Estados de Praga – Praga,
República Tcheca
Duração: 3h02
Maestro: Plácido Domingo
Diretor: Jiří Nekvasil
Figurino: Theodor Pištěk
Simone Alberghini (Don Giovanni)
Irina Lungu (Donna Anna)
Dmitry Korchak (Don Ottavio)
Julia Novikova (Zerlina)
Kateřina Kněžíková (Dona Elvira)
Jiri Bruckler (Masetto)
Adrian Sampetrean (Leporello)
Caracterizado ora como um libertino obcecado por sexo, ora como um campeão da liberdade, Don Giovanni encarna ao mesmo tempo o mito do sedutor punido e o protesto contra uma concepção antiquada da moral e da vida. Intemporal, a obra marca também uma transição musical entre as fórmulas associadas à ópera do passado e aquelas do drama musical moderno.
Plácido Domingo, o célebre cantor, regente e detentor de 14 Grammy Awards, levou à cena, em 29 de outubro de 2017, no Teatro dos Estados de Praga, Don Giovanni, de Mozart, por ocasião do aniversário de 230 anos da estreia mundial dessa ópera, que teve lugar na mesma sala de espetáculos a 29 de outubro de 1787. Plácido Domingo utilizou a mesma partitura original daquela estreia, preservada no Conservatório de Praga, e anotada pela mão do próprio compositor. O Teatro dos Estados, aberto ao público em 1783, é o único que resta no mundo entre as casas que acolheram as primeiras encenações das óperas de Mozart (Don Giovanni e La clemenza de Tito, em 1791, para celebrar a coroação de Leopoldo II).
A ideia desse espetáculo nasceu no momento em que Plácido Domingo conheceu o Teatro dos Estados, após um recital em Praga, em dezembro de 2012. Inspirado pela visita que fez à cidade e comovido até as lágrimas, segundo os que o acompanhavam, ele decidiu quase que imediatamente voltar para seguir literalmente as pegadas de Mozart. Como os obstáculos à realização desse projeto eram consideráveis – levando em conta as agendas dos cantores, os compromissos do próprio Domingo e os problemas de financiamento –, sua concretização exigiu cinco anos.
A produção se caracteriza por uma encenação clássica, com figurinos tradicionais concebidos por Theodor Pistek, detentor de um Oscar por “Melhor figurino” do filme Amadeus, e por uma montagem autêntica, que segue de perto aquela de 1787. Quatro vencedores do concurso vocal internacional Operalia, fundado por Domingos em 1993 – os russos Dimitry Korchak, Irina Lungu e Julia Novikova, assim como o italiano Simone Alberghini –, estão entre os principais intérpretes. O elenco é completado pelos tchecos Jiří Brückler e Kateřina Kněžíková, além do romeno Adrian Sampetrean.
Observar Domingo enquanto se entrega a esse trabalho é no mínimo tão fascinante quanto tudo que se passa em cena. Valendo-se do fato de contar com uma orquestra de sólida formação, ele passa grande parte do seu tempo dirigindo os cantores, de modo a extrair deles o melhor desempenho. Percebe-se que há algo de especial no ar. O sentido palpável da história, o entusiasmo em relação aos diferentes papéis e a animação do regente contribuíram conjuntamente para criar uma atmosfera mágica, que temos o prazer de compartilhar com o público do Ópera na Tela.
Ato I
Leporello espera enquanto o patrão, Don Giovanni, seduz mais uma mulher.
Perseguido por Ana, Don Giovanni sai correndo, mascarado, e é desafiado pelo pai
dela, o Comendador. Ana foge, e o Comendador é morto. Ela encontra o corpo e exige
que Otávio, seu noivo, a vingue. Elvira lamenta seu amor por Don Giovanni, dizendo
que ele a seduziu prometendo casamento. Don Giovanni se afasta impaciente e
Leporello enumera as conquistas do patrão. Don Giovanni se interessa por Zerlina e
convida seu noivo, Masetto, para uma festa em sua mansão. Sozinho com Zerlina,
começa a flertar. Elvira adverte Zerlina sobre o dissoluto. Ana já tem certeza de que
era Don Giovanni o assassino mascarado do pai, enquanto Otávio jura descobrir a
verdade. Leporello relata que Elvira atrapalhou a festa, mas Don Giovanni só pensa em
novas conquistas. Quando Elvira, Ana e Otávio chegam mascarados, Don Giovani sai
com Zerlina, mas ela grita pedindo ajuda. Don Giovanni encontra Otávio empunhando
uma pistola. O trio tira as máscaras e o ameaça. Mesmo abalado, Don Giovanni
mantém a atitude desafiadora.
Ato II
Don Giovanni troca de roupas com Leporello para seduzir a criada de Elvira. Esta ouve
Don Giovanni pedir perdão e quer acreditar. Leporello, com as roupas do patrão,
abraça Elvira, enquanto Don Giovanni, vestido como o criado, faz serenata para a
serviçal dela. Masseto chega em busca de Don Giovanni e leva um soco de “Leporello”.
Quando “Don Giovanni” foge de Elvira, é visto por Ana e Otávio e imediatamente
revela ser Leporello. Otávio jura matar Don Giovanni. Mas Elvira ainda ama o nobre.
No cemitério, Don Giovanni graceja sobre uma mulher que o confundiu com Leporello.
De repente, ouve-se uma voz advertindo que seu riso logo terá fim. Vendo a estátua
do Comendador, Don Giovanni zomba da ameaça. Leporello convida a estátua a jantar
com o patrão, e ela assente. Imperturbável, Don Giovanni reúne músicos para o jantar.
Elvira chega mas é insultada; ao sair, ela grita. Surge a estátua do Comendador. Don
Giovanni lhe oferece jantar, mas a estátua por sua vez o convida a jantar consigo.
Leporello implora ao patrão que recuse, mas ele aceita. Apertando a mão do nobre, a
estátua exige: “Arrepende-te!” “Não!” Num derradeiro grito. Don Giovanni é tragado
pelas chamas. Seus inimigos chegam e, felizes por Don Giovanni ter enfim pagado por
seus pecados, decidem recomeçar a vida.