Aída

De Giuseppe Verdi - Festival de Salzburgo

Ópera em quatro atos
Libreto de Antonio Ghislanzoni
Cantada em italiano
Encenada pela primeira vez em 1811 no Teatro da Ópera, Cairo – Egito
Duração : 2h28

Maestro: Riccardo Muti
Diretor: Shirin Neshat
Figurinos: Tatyana van Walsum
Cenografia: Christian Schmidt

Anna Netrebko (Aída)
Roberto Tagliavini (O rei)
Ekaterina Semenchuk (Amnéris)
Franceso Meli (Radamés)
Dmitry Belosselskiy (Ramfis)
Luca Salsi (Amonasro)

Mênfis e Tebas na época dos faraós. O rei do Egito se encontra em guerra com Amonasro, rei da Etiópia, cuja filha, Aída, é mantida prisioneira por seus inimigos, tendo se tornado escrava da bela Amnéris, filha do faraó. Ambas se apaixonam por um jovem oficial chamado Radamés, que deve liderar os soldados no ataque aos etíopes. Radamés ama Aída e ignora que é contra o pai dela que terá de combater.

Aída, ópera em quatro atos encenada pela primeira vez no Cairo, a 24 de dezembro de 1871, tinha sido encomendada a Verdi pelo khedive Ismail Pachá para a inauguração do teatro que ele estava construindo na capital egípcia.

A ideia original que serviu de tema a Aída, obra puramente ficcional, foi concebida por Mariette-bey, que se inspirou em detalhes históricos e arqueológicos. O libreto, então, foi escrito em francês – em prosa – por Camille du Locle, que trabalhou nele enquanto era hóspede de Verdi. Coube, a seguir, a Ghislanzoni traduzir a história em versos escritos em italiano.

A montagem dessa produção é assinada pela artista plástica iraniana Shirin Neshat, radicada em Nova York e conhecida por suas fotografias, suas instalações e seus filmes. Seu trabalho aborda, sobretudo, os problemas enfrentados pelas mulheres no Irã, às voltas com o duplo cerceamento no qual a tirania política se soma ao fanatismo religioso.

Sua interpretação de Aída, concentrada sistematicamente na estilização, pretende abranger distintos contextos culturais e etnias, diferenças religiosas e períodos temporais diversos. Neshat procura, dessa forma, encontrar um equilíbrio entre a força da ópera, aquela da história, e a da sua própria leitura da obra. Mostra-se determinada, igualmente, a levar em conta e incorporar a crítica em relação a essa ópera feita por muitos no mundo árabe, chegando a denunciar certas ideias como “quase racistas”. Ela centra o foco da sua produção na análise das relações emocionais que se estabelecem entre os personagens. Verdi, em sua época, afirmava-se como um compositor bastante político e o Egito serve, evidentemente, de cenário para a sua obra. Trata-se, contudo, de uma “uma história atemporal que está sendo contada” e Shirin Neshat opta, por exemplo, por vestir os etíopes com figurinos contemporâneos, numa referência aos refugiados sírios mostrados atualmente nos noticiários. No mesmo sentido, imagina ainda sacerdotes que reúnem em si características de todas as religiões para demonstrar que “ninguém, em última instância, está isento de sucumbir ao fanatismo”.

Da mesma forma, ela opta por deixar em segundo plano a dimensão militarista da obra (em vários trechos do libreto, os protagonistas clamam pela guerra e glorificam os combates) para “se concentrar sobre a tragédia humana”. Com o objetivo de alcançar esse resultado, ela não hesita em recorrer à arte do vídeo, que tão bem domina.

A grande estrela do espetáculo é a soprano Anna Netrebko, cuja voz é a um só tempo substancial e sedosa, os dois aspectos se fundindo num sentido dramático no qual ela se mostra soberana, com sua voz se revelando ampla e corpórea nos médios e de um cristal cintilante nos agudos. A autoridade do estilo, a presença expressiva e dramática, a sinceridade de um timbre incandescente e doloroso afirmam sua formidável saúde lírica atual.

Ela faz par com o tenor Francesco Meli, cuja voz amadureceu desde sua participação, há dois anos, numa versão de Il trovatore ao lado da diva russa. Ele dá vida a um Radamés verossímil, com o qual o público estabelece empatia, a começar por uma “Celeste Aída” sóbria e quase lírica.

Amnéris, a princesa egípcia ciumenta e apaixonada por Radamés, é interpretada com habilidade pela russa Ekaterina Semenchuk. Luca Salsi é um Amonasro impactante, exibindo um timbre no melhor estilo italiano e uma autêntica conduta dramática.

Riccardo Muti dá prova mais uma vez de sua lendária coragem, extraindo uma notável beleza das cordas da Orquestra Filarmônica de Viena.

Ato I

No palácio real de Mênfis, Radamès espera comandar o exército egípcio contra os invasores etíopes, inspirado por seu amor por Aída, uma princesa etíope aprisionada. Mas ele também é amado por Amneris, a princesa egípcia. Quando o rei chega, Ramfis, o grão-sacerdote, designa Radamès comandante. Ele é conduzido para a benção e Aída se inquieta porque ele combaterá seu pai, Amonasro, o rei etíope.

 

Ato II

Escravas mouras dançam; Aída entra, parece desesperada. Fingindo simpatia, Amneris testa-a anunciando a morte de Radamès. Vendo a perturbaçãoo de Aída, acusa-a de amar Radamès. Revela então que ele continua vivo e, dando Aída graças aos deuses, declara-se sua rival. Aída implora misericórdia, mas Amneris jura vingança. Radamès retorna vitorioso a Tebas, à frente de uma marcha triunfal. De repende, Aída reconhece o pai entre os prisioneiros. Disfarçado de soldado, ele fala ao rei egípcio da morte de Amonasro e pede-lhe que liberte os prisioneiros etíopes. Radamès apoia seu pedido e o rei concorda, oferecendo Amneris a Radamès, para desolação de Aída.

Ato III

Esperando Radamès às margens do Nilo, Aída lamenta não voltar a ver a Etiópia. Entra seu pai, novamente disposto a atacar o Egito. Diz saber que Radamès a ama e exige que ela descubra os segredos militares do Egito. Vendo Aída, Radamès promete falar ao rei de seu amor por ela. Temendo a ira de Amneris, ela insiste em que fujam logo e pergunta como poderiam escapar das legiões egípcias. Ele revela então a rota do exército. Amonasro surge, e Radamès percebe horrorizado ter traído o Egito, e espera ser preso. Na confusão, os etíopes fogem.

Ato IV

Amneris implora a Radamès que justifique seu ato, para que ela possa salvar sua vida, mas ele se recusa, dizendo que não trocará sua vida pela morte de Aída. Amneris responde que Aída não morreu, mas ele deve prometer que não voltará a vê-la. Ele mais uma vez recusa. Ramfis ordena que Radamès seja enterrado vivo e Amneris desmaia. No interior da sombria tumba, Radamès espera a morte quando de repente surge Aída, dizendo ter vindo para morrer com ele. Vendo que não há saída, caem nos braços um do outro e se despedem do mundo. Enquanto Aída morre, ouve-se Amneris implorando paz.


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