Rigoletto

Direção: Monique Wagemakers

Exclusivo

Melodrama em três atos de Giuseppi Verdi

Libreto de Francesco Maria Piave

Cantada em italiano

Grande Teatro do Liceu de Barcelona – 2017

Duração 2h33

Maestro RICCARDO FRIZZA

Diretora MONIQUE WAGEMAKERS

Diretora do coro CONXITA GARCI

Orquestra Sinfônica e coro do Grande Teatro do Liceu

Classificação indicativa: 12 anos

JAVIER CAMARENA: Duque de Mântua

CARLOS ÁLVAREZ: Rigoletto

DESIRÉE RANCATORE: Gilda

ANTE JERKUNICA: Sparafucile

KETEVAN KEMOKLIDZE: Maddalena

GEMMA COMA-ALABERT:  Giovanna

GIANFRANCO MONTRESOR:  Conde Monterone

MERCEDES GANCEDO:  Condessa Ceprano

O Bobo da Corte do Duque de Mântua, Rigoletto, é odiado por todos, especialmente pelo Conde Ceprano, cuja esposa, o Duque deseja. Amaldiçoado pelo Conde Monterone, tem sua filha Gilda raptada e cortejada pelo Duque disfarçado. Em uma armadilha, Rigoletto contrata o assassinato da própria filha, pensando ser para o Duque e cai em desespero.

Essa ópera, criada em 1851 no Teatro La Fenice de Veneza, deu início à reputação internacional de Verdi: em 10 anos, ela foi montada em cerca de 250 teatros de ópera de todo o mundo. Musicalmente, a obra representava o nítido rompimento com o passado: Verdi descartou árias de introdução e conjuntos nos finales, intensificando o ritmo dramático com o recitativo melódico de Rigoletto.

Essa produção de Rigoletto foi imaginada pela diretora holandesa Monique Wagemakers para a Ópera de Amsterdã em 1996. Apresenta uma cenografia despojada, quase « abstrata », onde as cores e as iluminações reinam, e composta por um palco vazio que se eleva para revelar, sobretudo, o antro de Sparafucile, permitindo interessantes jogos de planos entre os personagens. Os figurinos, com cores quentes, são inspirados no Renascimento italiano e oferecem belos quadros visuais.

Esse nova apresentação constitui uma etapa importante na carreira do tenor Mexicano Javier Camarena, que encarna pela primeira vez um Duque de Mântua muito bem sucedido. Admiramos particularmente, sua « Donna è mobile » por seu diminuendo de tirar o fôlego, que deixa o auditório em suspenso no meio do segundo verso. O quarteto que vem depois permite ao cantor usar toda a magia do seu timbre e da sua musicalidade devastadora, tanto que, durante um instante, o público todo entra na pele de Maddalena.

Carlos Alvarez encontra com felicidade um papel que ele conhece e que lhe convém maravilhosamente bem. Seu « Pari siamo » comove por sua verdade tão dramática quanto musical, enquanto « Cortigiani » explode com toda sua raiva antes de se transformar numa comovente súplica na qual incide o metal do timbre, como uma vulnerabilidade plenamente desejada e assumida. Também admiramos a justeza do ator, sobretudo na segunda parte, na qual sua dor nunca parece fingida diante do amor que sua filha ainda sente por seu inimigo, principalmente na última imagem, na qual o desespero do palhaço devasta tudo.

Ao lado de excelentes papéis secundários, aclamamos o belo e sonoro Sparafucile de Ante Jerkunica, com sua estatura tão impressionante quanto a profundidade do seu grave, e a sedutora Maddalena de Ketevan Kemoklidze, que revela uma verdadeira autoridade nos acentos, ambos fazendo da Tempestade um dos grandes momentos da noite.

Um paroxismo também é atingido graças ao coro e à orquestra. O primeiro, muito bem preparado por Conxita Garcia, tem uma coesão sonora incrível. O segundo se distingue através dos solos suntuosos, do violoncelo pungente em « Cortigiani » e um oboé pudicamente queixoso introduzindo « Tutte le feste al tempio ». Na regência, o maestro Riccardo Frizza impõe respeito desde o prelúdio, magnificamente contrastado, e demonstra sua compreensão do drama de Verdi durante toda representação, mas sempre permanecendo à escuta dos cantores. Vamos nos lembrar muito tempo do seu acompanhamento de « Cortigiani », verdadeiro turbilhão enfurecido relançado sem parar assim que a voz não está em perigo, e da Tempestade, cujo horror e pavor raramente nos pareceu tão palpáveis.

Ato I

Em baile no palácio, o Duque de Mântua pensa numa jovem que pretende conquistar. Mas decide primeiro conquistar a condessa Ceprano. O bobo da corte, Rigoletto, ridiculariza o marido dela. Mas ao zombar do Conde Monterone, cuja filha foi seduzida pelo duque, é por ele amaldiçoado, o que o choca. Rigoletto é interpelado por Sparafucile, que oferece seus serviços de assassino profissional, mas o despacha e abraça sua filha, Gilda. Reitera o amor por ela e, dizendo-lhe que não receba ninguém na casa, parte. Dando-se conta de que Gilda é filha de Rigoletto, o duque entra e, passando-se por um estudante, declara seu amor; ela se comove. Um grupo de homens planeja raptar Gilda, julgando-a a amante de Rigoletto, mas diz ao bobo que veio capturar a mulher de Ceprano. Vendam os olhos de Rigoletto e o fazem encostar uma escada em sua própria casa. Ouvindo os gritos de Gilda, ele se lembra da maldição de Monterone.

Ato II

Perturbado porque Gilda lhe foi tirada, o duque fica encantado ao saber que ela está no palácio. Rigoletto chega, fingindo indiferença até se dar conta de que Gilda está com o duque. Alvo de zombaria dos cortesãos, ele clama que ela é sua filha. Gilda aparece e, sozinha com o pai, confessa ter se apaixonado por um estudante, antes de ser levada à força para o palácio. A caminho da cadeia, vendo o retrato do duque, Monterone admite a derrota. Rigoletto reflete sobre a má sorte, jurando vingança.

Ato III

Gilda ainda ama o duque, mas Rigoletto quer que ela saiba que ele não vale nada. Espionando a casa de Sparafucile, ela reconhece o duque sob disfarce e o ouve pedir vinho e dizer que as mulheres não merecem confiança. Enquanto o duque seduz Maddalena, irmã de Sparafucile, Rigoletto o denuncia a Sparafucile como aquele que deve morrer. Paga então ao assassino, dizendo que voltará para recolher o corpo. Percebendo que seu novo amante vai morrer, Maddalena implora por sua vida. Sparafucile concorda em matar o próximo que chegar. Ouvindo esses planos, Gilda decide salvar o duque. Bate à porta e é apunhalada. Rigoletto põe o corpo num saco, mas de repente ouve a voz do duque. Em pânico, abre o saco e vê Gilda. Ela pede perdão e morre, e Rigoletto entende que a maldição foi cumprida.