A Flauta Mágica

Direção: Peter Stein

Die Zauberflöte

Ópera em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart

Libreto Emmanuel Schikaneder

Cantada em alemão

Teatro Alla Scala de Milão

Duração 2h53

Maestro ÁDÁM FISCHER

Figurino ANNA MARIA HEINREICH

Diretor PETER STEIN

Diretor de coro JOHANNES STECHER

Coro, solistas e orquestra da Academia do Teatro Alla Scala

Classificação indicativa: Livre

TILL VON ORLOWSKY: Papageno

MARTIN PISKORSKI: Tamino

FATMA SAID: Pamina

YASMIN ÖZKAN: Rainha da noite

MARTIN SUMMER: Sarastro

SASCHA EMANUEL KRAMER: Monostatos

THERESA ZISSER: Papagena

A Rainha da Noite dá a missão ao príncipe Tamino de salvar sua filha Pamina, prisioneira de Sarastro, grande sacerdote de Isis e Osiris. Tamino deverá enfrentar muitas provações – manter o silêncio, atravessar a água e o fogo – antes de ser iniciado ao culto sagrado e encontrar Pamina.

A única ópera composta por Mozart especificamente para um público popular pode ser apreciada como um conto de fadas, mas também traz símbolos da maçonaria – à qual Mozart aderiu em 1784 – apregoando a virtude, o amor e a sabedoria. Mozart a compôs simultaneamente a La Clemenza di Tito e a boa parte de seu Réquiem, o que o deixou exaurido. Morreu nove semanas após a estreia.

Essa Flauta Mágica é fruto de uma colaboração entre os cantores da famosa Academia do Teatro Alla Scala de Milão, entre os quais há, sem dúvida, estrelas líricas do futuro e um dos maiores diretores da nossa época, familiar das óperas mozartianas.

Nessa produção, Peter Stein procurou primeiro transformar os cantores aspirantes em verdadeiros atores, capazes de dominar perfeitamente o texto falado em alemão da Flauta Mágica que, sendo “Singspiel” (uma peça cantada), tem muitos e intensos diálogos. Ele fez questão de restituir o ambiente original do conto de fadas de Schikaneder, reintegrando certas cenas, que geralmente são expurgadas da peça. A produção, baseada nesse componente específico, é bem clássica tanto nos cenários quanto nos figurinos. A maquinaria vienense do teatro “popular feérico” é utilizada por completo: os personagens e os objetos aparecem e desaparecem por cima ou pelo assoalho do palco, as iluminações são abundantes e singulares, os barulhos da cena são acentuados, conforme as indicações do libreto original. A mesma coisa para os figurinos e os inúmeros acessórios. Nenhum aspecto da cenografia tenta ser realista, o que, por contraste, destaca a modernidade da música de Mozart. A tendência de Stein de não propor uma interpretação pessoal da história permite que A Flauta Mágica ressurja mais claramente na sua dimensão complexa inicial de conto de fadas para adultos.

As participações de Yasmin Özkan (A Rainha da Noite) e de Martin Summer (Sarastro) são muito promissoras, mas as mais remarcáveis são as do casal principal: Martin Piskorski, no papel de Pamino, sabe criar um clima de tensão dramática na cena do confronto com Sacerdote e revela uma voz límpida de uma ponta a outra da obra. A seu lado, a cantora egípcia Fatma Said faz uma Pamina com um charme mediterrâneo, se exprimindo em alemão numa dicção perfeita, se mostrando particularmente comovente na expressão dos seus tormentos interiores e conservando a mesma intensidade e justeza de tom.

A magistral direção musical, conferida ao maestro húngaro Ádám Fischer, que volta ao púlpito pela primeira vez desde 1998, dá à orquestra da Academia uma qualidade sonora particular, ao mesmo tempo luminosa, enérgica, brilhante e transparente, doce e suave, gerando contrastes dinâmicos de forma equilibrada ao longo da partitura, e tomando cuidado para não cobrir a voz dos intérpretes.

Ato I

Tamino é salvo de uma serpente por Três Damas, que impressionadas por sua beleza, informam o fato à Rainha da Noite. Papageno sonha capturar donzelas em sua gaiola de pássaros quando ouve sobre a serpente. Alega tê-la estrangulado, mas as Damas trancam sua boca com um cadeado por mentir. Ao vê-la num retrato, Tamino se apaixona por Pamina, a filha da rainha. Esta lhe diz que poderá conquistá-la se a resgatar do monstro Sarastro. Tamino recebe uma flauta mágica e Papageno, sinos de prata. No castelo de Sarastro, o mouro Monostatos está irado com a rejeição de Pamina. Reconhecendo-a, Papageno revela a paixão de Tamino por ela. Juntos, Papageno e Pamina sonham encontrar o amor. Enquanto isso, Tamino resolve enfrentar Sarastro. Vozes anunciam que Pamina está viva, e ele atrai os animais com sua flauta. Monostatos captura Pamina e Papageno, mas os sinos deste fazem o mouro e os escravos dançar. Quando Sarastro chega numa carruagem puxada por leões, Pamina lhe fala do mouro cruel, mas ele não pode permitir que ela retorne para a sua diabólica mãe. Monostatos traz Tamino à força, e os dois apaixonados se reconhecem. Sarastro decide testá-los para entrarem em sua fraternidade.

Ato II

Tamino se dispõe a lutar pela amizade e o amor, embora não possa dirigir a palavra a Pamina. A Rainha da Noite reaparece e diz a Pamina que mate Sarastro com um punhal. À saída da Rainha, Monostatos novamente tenta cortejar Pamina. Papageno ignora a ordem de Tamino de se manter calado e uma bruxa velha lhe oferece água. Ela diz ter dezoito anos e dois minutos, chama Papageno de seu namorado e desaparece. Tamino e Papageno recebem alimentos, assim como a flauta e os sinos mágicos. Enquanto Papageno se entrega alegremente ao banquete, Tamino chama Pamina com a flauta, mas ela fica inconsolável quando ele se recusa a falar. Papageno quer apenas um pouco de vinho e “uma mulherzinha”. A bruxa reaparece e lhe oferece casamento ou eterno cativeiro. Ele a aceita com relutância, e ela se transforma em Papagena. Mas ele ainda não é digno dela. Disposta a se matar, Pamina descobre que Tamino ainda a ama. Os dois precisam passar por vários testes, mas, juntos, triunfam sobre as chamas e enchentes. Papageno toca em vão sua gaita para chamar Papagena, mas quando recorre aos sinos ela aparece.  Monostatos se junta à Rainha da Noite, mas os dois desaparecem ao alvorecer. Finalmente, com Tamino e Pamina em trajes sacerdotais a seu lado, Sarastro agradece a Íris e Osíris por recompensarem a beleza e a sabedoria.


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