Palavra dos curadores

ÓPERAS NAS TELAS!

A partir deste ano, o Ópera na tela passa a ser conjugado no plural! Sua quinta edição será celebrada com um grande acontecimento: a chegada pela primeira vez à cidade de São Paulo de sua versão ao ar livre! Em um contexto marcado por tantas adversidades, o fato representa uma enorme vitória para o festival, para os seus parceiros e para o público brasileiro – incluindo tanto os amantes do canto lírico como aqueles ávidos por descobrir essa arte. E sabemos que os “loucos por ópera” paulistas são particularmente numerosos e ativos!

Depois das projeções no sublime jardim do Museu da Casa Brasileira, de 18 a 27 de outubro, em São Paulo, o festival voltará a ocupar o romântico cenário do Parque Lage, no Rio de Janeiro, em cujo telão serão apresentadas óperas de 31 de outubro a 12 de novembro. Em ambas as cidades, teremos o prazer de receber uma das vozes mais promissoras da atual cena lírica francesa, Valentine Lemercier, que será a madrinha do festival deste ano, assim como a magnífica soprano brasileira Carla Cottini, que foi a Gilda no Rigoletto apresentado no Teatro Municipal de São Paulo em julho último.

Além disso, como nos últimos cinco anos, os filmes poderão ser vistos em mais de 20 cinemas em todo o Brasil. A masterclass de canto lírico organizada por Raphaël Sikorski terá lugar nas duas cidades, que acolherão também atividades variadas de natureza didática e voltadas para a democratização da ópera.

No Rio, uma iniciativa particularmente original constitui o ponto alto das atividades pedagógicas: a montagem de uma ópera para crianças no Teatro Riachuelo, que terá duas apresentações, em 5 e 6 de novembro. Essa ópera, inspirada na história em quadrinhos de autoria de PEF, La belle lisse poire du prince de Motordu, dará oportunidade a 400 crianças de cantarem e subirem ao palco sob a batuta do músico Pascal Giordano, proporcionando a elas, dessa forma, uma autêntica experiência lírica profissional!

Neste ano o público brasileiro poderá descobrir ou rever cinco das maiores obras de Verdi, encenadas nos quatro cantos da Europa: Attila (Scala de Milão), La Traviata (Ópera Nacional de Paris), O Trovador (Arena de Verona, cujo palco recebe pela primeira a fantástica Anna Netrebko), um espetacular Rigoletto (Festival de Bregenz) e sua última ópera – sem dúvida a mais original e inovadora, apesar de composta por Verdi aos 80 anos – Falstaff (Staatsoper Berlin). Abre-se assim um painel das diferentes facetas da obra do grande mestre, que soube dar vida tanto a afrescos históricos e politicamente engajados como a dramas passionais e aventuras de capa e espada, sem esquecer a comédia burlesca ou o gênero tragicômico.

Para completar essa seleção, duas produções da Ópera de Paris, La Traviata e Don Giovanni, em versões de surpreendente contemporaneidade; uma produção bastante original de Os Contos de Hoffmann, de Offenbach (Teatro Nacional da Holanda), assim como uma comovente versão de Orfeu e Eurídice (Scala de Milão), estrelada pelo excepcional tenor peruano Juan Diego Flórez. Figura pela primeira vez no programa do festival A Viúva Alegre (Ópera de Roma), sucesso internacional desde sua estreia, aqui apresentada numa versão que nos transportará para uma alucinante comédia musical dos anos 1950, com um dos maiores cantores líricos brasileiros da atualidade, o barítono paulista Paulo Szot. Também pela primeira vez no Ópera na Tela teremos Lohengrin, de Wagner, numa produção do lendário Festival de Bayreuth.

Para terminar, uma obra mais intimista e menos conhecida do grande público, porém, cuja beleza e refinamento nos conquistaram: A Coroação de Popeia, de Monteverdi, um dos primeiros títulos da história da ópera, obra-prima barroca, tornada mais grandiosa pela orquestra Arts Florissants, sob a regência de William Christie, e pelas vozes extraordinárias de Sonia Yoncheva e de Stéphanie d’Oustrac.

Enfim, o público do Rio terá o privilégio de assistir à projeção da nona criação lírica da compositora brasileira Jocy de Oliveira, a ópera multimídia Liquid Voices, inspirada no maior naufrágio de um navio civil durante a Segunda Guerra Mundial, o Struma, em 1942.

Como a maioria das manifestações culturais no Brasil nos dias de hoje, o festival teve de superar graves dificuldades financeiras antes de chegar até vocês. Se conseguiu não apenas sobreviver, mas se expandir para outra cidade, isso só foi possível graças à confiança e à convicção de nossos parceiros. Agradecemos à fidelidade do apoio mais uma vez proporcionado pelos grupos ACCOR/SOFITEL, EDENRED, EDF NORTE FLUMINENSE e VOLTALIA, assim como aos recém-chegados LEROY MERLIN – sem o qual o festival não teria acontecido neste ano – e as empresas LABORATOIRES SERVIER e LYRA, a quem damos as boas-vindas ao Clube dos Apaixonados pela Ópera.

 

O apoio dessas empresas foi possível graças ao Ministério da Cidadania, Secretaria Especial da Cultura, Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.

Nossos agradecimentos também às embaixadas da França, da Itália e da Alemanha pelo apoio ao que vem a ser uma autêntica celebração da cultura europeia, assim como a todas as instituições, empresas, meios de comunicação e prestadores de serviço cuja participação é para nós fundamental.

Gostaríamos de formular um agradecimento especial a Patrick Mendès, Alain Ryckeboer, Gilles Coccoli, Yann des Longchamps, Christophe Sabathier, Thierry Costes e Robert Klein pela seriedade com que encaram a responsabilidade social conferida pelo Brasil às empresas por eles dirigidas.

 

 

Emmanuelle e Christian Boudier

Diretores do Festival Ópera na Tela