O TROVADOR

De Giuseppe Verdi - Arena de Verona

Exclusivo

Drama em quatro atos
Libreto de Salvatore Cammarano e Leone Emanuele Bardare, com base na peça El trovador, de Antonio García Gutiérrez
Cantada em italiano
Encenada pela primeira vez em 1853 no Teatro Apollo de Roma
Duração: 2h30

Maestro: Pier Giorgio Morandi
Diretor: Franco Zeffirelli
Orquestra, coro e corpo de baile da Arena de Verona

Anna Netrebko (Leonora)
Yusif Eyvazov (Manrico)
Luca Salsi (Conde de Luna)
Dolora Zajick (Azucena)
Riccardo Fassi (Ferrando)

Leonora ama Manrico, ignorando que ele vem a ser o irmão do Conde de Luna, a quem sua mão havia sido prometida. Os dois antagonistas se enfrentam sem saber que são na verdade irmãos. Acreditando na morte do seu amado, Leonora decide viver num convento. Manrico surge e leva a jovem ao altar. O casamento, porém, é interrompido quando recebem a notícia de que Azucena, a mulher a quem Manrico considera sua mãe, está sendo levada à fogueira. Manrico é capturado e morto por Luna. Leonora envenena-se e Azucena revela, afinal, que Luna matou o próprio irmão.

O trovador estreou em 12 de janeiro de 1857, obtendo grande sucesso de público e de crítica. Atualmente não é encenada com grande frequência devido às enormes dificuldades que envolvem sua produção: exige não apenas vozes excepcionais, como também uma montagem espetacular.

Trata-se de um melodrama típico das histórias de capa e espada, que mistura honra, heroísmo e amor trágico. A violência do texto, a onipresença das chamas na resolução do jogo dramático, a exacerbação das paixões que se confrontam, tudo conspira para dar impulso a uma tragédia gótica envolvente e expressiva. E a Arena de Verona compõe o cenário ideal para essa remontagem da produção exuberante de Franco Zefirelli, recentemente falecido.

Ostentando três torres, uma fortaleza está instalada em cena. Bandeiras coloridas estão desfraldadas ao vento e uma tropa de cavaleiros se põe em movimento. Uma concepção – é preciso admitir – bastante convencional, porém, ideal para realçar a cenografia e os figurinos. Nela, os cavalos, os cavaleiros vestindo armaduras e os muitos ciganos se deslocam em cena como manchas de cor numa tela. Quando a imponente torre de vigia se abre, assumindo as feições de uma catedral, os espectadores observam extasiados.

Anna Netrebko, apresentado-se pela primeira vez diante dos 20 mil espectadores da Arena de Verona, supera-se no papel de Leonora. Na acústica aberta do anfiteatro romano, a voz não parece perder sua força. Ela começa sua atuação com certa precaução, suavemente, cuidadosamente. Não demora, contudo, a brilhar com sua autoconfiança. Nos graves, ela ainda sabe cantar de maneira clara e harmoniosa, desenhando as linhas melódicas em todas as suas nuances, numa situação em que outros intérpretes muitas vezes se perdem numa indefinição. Sua voz de soprano, sempre clara e firme, alça vôo nos agudos, antes de se tornar sombria ao assumir uma abordagem mais dramática. No quarto ato, ela dá mostras de sua potência vocal. De modo sutil, refina cada nota, a cada frase e cada salto os vocalizes se encadeiam de forma clara e fluente, deixando que as explosões emocionais se deem com naturalidade.
Yusif Eyvazov – seu marido na vida real – encarna um Manrico combativo e de inesgotável resistência. Uma técnica segura e uma musicalidade agora amadurecida completam a paleta à qual ele recorre para dar conta de todas as facetas de Manrico: tanto o amante como o filho devotado.
A mezzosoprano Dolora Zajick lança mão de todo o seu talento para conseguir se afirmar à sombra desses dois fenômenos. Ela vive uma cigana Azucena sombria e aguerrida.

No papel do Conde de Luna, Luca Salsi mostra-se inspirado, forte e determinado. Sua voz de barítono é profunda ; seu timbre, caloroso, sem ser soturno. Às vezes romântico, ele estende suas linhas melódicas, articula suavemente sua linha de canto. Coloca seus agudos de forma cuidadosa e desdobra sua voz gradativamente, com segurança.

No enorme fosso que abriga a orquestra, Pier Guiorgio Morandi rege os músicos da arena com calma, por pequenos gestos. O som da orquestra é fluente e os cantores o acompanham com todo o zelo.

Prólogo
Em Biscaia, na Espanha, alguns soldados estão comentando a história de uma cigana, condenada à morte na fogueira por bruxaria, injustamente acusada de adoecer um dos filhos do conde. Antes de morrer ordenou à sua filha que a vingasse, e ela então sequestrou um dos filhos do conde. Na pilha de cinzas foram encontrados os ossos de um bebê, mas o conde recusou-se a acreditar que era o seu filho raptado. Antes de morrer, o conde pediu ao seu primogénito que procurasse Azucena.

Ato I: “O Duelo”
Palácio de Aliaferia, em Aragão. Leonora está com a sua camareira Inês nos jardins do palácio e lhe conta sobre seu amor por um trovador desconhecido e que viria encontrá-la aquela noite. Aparece o Conde de Luna, irmão do bebê sequestrado. Aparece o trovador, e Leonora – por engano – se declara ao conde, que também a ama. O conde se declara rival do trovador e este lhe revela o nome: é Manrico, seguidor de Urgel, um herege. Os dois iniciam o duelo, e Leonora desmaia.

Ato II: “A Cigana”
Amanhece. A meio do trabalho dos ferreiros dentro do acampamento cigano, Azucena, mãe de Manrico, o trovador, conta-lhe que em tempos, para vingar a morte de sua mãe condenada à fogueira pelo Conde, raptou um filho do Conde de Luna para o atirar às chamas. No momento, perturbada com o horror da cena e com os gritos atrozes de sua progenitora, acabou por cometer o erro de atirar o próprio filho na fogueira em vez do filho do conde. Manrico fica perturbado, mas apesar de Azucena afinal não ser sua mãe, sempre foi como uma e lhe teve amor e estima. Azucena alega que, caso ela não fosse de facto sua mãe, não teria cuidado com tanta dedicação de suas feridas na luta com o conde. Manrico diz ter derrotado o conde mas que fora misteriosamente impedido de o matar por um estranho poder.
Um mensageiro se aproxima e anuncia que Leonora, que amava Manrico, resolveu virar freira. Desta forma, Manrico vai ao convento e frustra os planos do Conde de Luna, que pensava em seqüestrá-la para com ela se casar.

Ato III: “O Filho da Cigana”
Depois de sitiarem Castellor, onde estavam Manrico e seus seguidores, reaparecem os soldados do Conde de Luna. Azucena é presa depois por certas suspeitas, e é reconhecida como aquela que roubou o filho de conde. O conde descobre que ela é mãe de Manrico, e fica ainda mais furioso.

Em Castellor, terminam os preparativos para o casamento de Leonora e Manrico. No momento das núpcias, Ruiz, o escudeiro de Manrico, avisa que Azucena está presa e condenada à fogueira. Manrico aborta o casamento, e decide correr em socorro de sua mãe.

Ato IV: “O Suplício”
Noite escuríssima. Leonora anda ao redor do castelo do Conde de Luna, que mantém Manrico aprisionado. De dentro do castelo, ouve-se o “Miserere”, salmo entoado pelos prisioneiros. Leonora corre em socorro de Manrico, e se envenena.
Dentro da cela, Leonora confessa ter se envenenado e, antes de morrer, avisa que Manrico está livre. Chega o conde, e vê Leonora morta – agora, colocando Manrico sob suspeita. É ordenada a execução de Manrico. Enquanto ele caminha diante do cadafalso, Azucena implora ao Conde que impeça a execução. O conde leva Azucena até à janela, e esta vê Manrico sendo estrangulado pela forca. Enfim, é revelado o segredo terrível: Manrico era o irmão do Conde, que fora raptado.

           

Compre seu ingresso no(s) link(s) abaixo:

Museu da Casa Brasileira - São Paulo EAV Parque Lage - Rio de Janeiro