LOHENGRIN

De Richard Wagner - Festival de Bayreuth

Exclusivo

Ópera em três atos
Libreto de Richard Wagner
Encenada pela primeira vez em 1850, em Weimar
Cantada em alemão
Duração: 3h30

Maestro: Christian Thielemann
Diretor: Yuval Sharon
Cenário e figurinos: Neo Rauch e Rosa Loy
Iluminação: Reinhard Traub
Orquestra e Coro do Festival de Bayreuth

Georg Zeppenfeld (Rei Henrique)
Piotr Beczala (Lohengrin)
Anja Harteros (Elsa de Brabante)
Tomasz Konieczny (Frederico de Telramund)
Waltraud Meier (Ortrud)
Egils Silins (o arauto do rei)

Elsa, uma jovem princesa, é acusada de ter assassinado o irmão. Em sua defesa ela invoca um sonho no qual um nobre cavaleiro surge para inocentá-la da acusação infame. Nesse exato momento, um misterioso cavaleiro surge num pequeno bote puxado por um cisne! Ele se oferece para submeter a questão ao julgamento de Deus, travando um duelo pela honra da princesa e se casando com ela em seguida. Impõe uma única condição: que ela não tente descobrir de onde ele vem, nem quem é. O cavaleiro derrota com facilidade o autor da acusação, Telramund, poupa a vida dele e depois se casa com Elsa. Porém, Telramund, humilhado, planeja sua vingança com a esposa, Ortrud.

Lohengrin, que na época pareceu uma obra tão inovadora e estranha, foi a princípio recusada pela ópera de Dresden. Ela só viria a ser encenada três anos após ter sido composta, em Weimar, sob a regência de Liszt, cujo apoio foi precioso para Wagner, então exilado em Zurique, acusado de ter participado das insurreições de maio de 1849. O compositor só assistiria à sua obra em 1861, em Viena.

É Elsa o principal personagem da ópera e não – como seria de esperar, devido ao papel-título – Lohengrin. Wagner escreve em 1851: “Esta mulher maravilhosa deveria desaparecer na presença de Lohengrin, já que este, pela sua natureza peculiar, seria incapaz de compreendê-la… Eu precisava lhe dar um fim para seguir os passos do verdadeiro feminino, que deve trazer a salvação – a mim e ao mundo inteiro, pois o egoísmo masculino, mesmo sob sua forma mais nobre, acabará por se enfraquecer, sendo derrotado”.

Na visão de Yuval Sharon, é Lohengrin, em última instância, o derrotado: ele parte sem ter realizado a alquimia da união sagrada com o eterno feminino nas suas manifestações etérea (Elsa) ou satânica (Ortrud). Passa, assim, ao largo daquele que é o verdadeiro Graal que é a mulher – a taça e o receptáculo sagrados. Sua figura está mais próxima de um anti-herói ou de um marginal do que da imagem clássica do cavaleiro.

A montagem nos apresenta um mundo bastante sombrio, no qual os imensos céus que se movem, as paisagens, os figurinos e as maquiagens se desdobram diante de um fundo em vários tons de azul. Os cenários são incrivelmente estéticos e todos os planos contribuem para efeitos de perspectiva e de simetria. Impossível deixar de lembrar as pinturas de Emil Nolde e Caspar David Friedrich.

Lohengrin é interpretado de forma sublime pelo tenor lírico Piotr Beczala. A pronúncia é precisa, o canto, sempre rico em nuances, e os trechos mais delicados são equilibrados de forma inteligente. O espectador é imediatamente seduzido por essa bela interpretação, que consegue conciliar leveza, graciosidade e potência numa voz de tenor luminosa e clara e – ao mesmo tempo – calorosa.

Elsa, soprano lírico de voz a um só tempo pura e comovente, torturada e bastante humana em sua fragilidade, é encarnada por Anja Harteros, de quem o diretor extrai uma postura exausta e resignada. Mas que voz! Que força! Que maneira de conduzir a linha vocal também, sem ceder jamais à facilidade da simples voluptuosidade sonora, mas que sabe se amplificar gradualmente em “Einsam in trüben Tagen”, dominando o trecho como poucas vozes saberiam fazê-lo!

Como Ortrud, a mulher demônio, Waltraud Meier nos oferece um magnífico timbre acobreado e a magia de uma elocução sem igual, que abre possibilidades fascinantes para a frase mais banal.

Quanto a Tomasz Konieczny, ele é o protótipo perfeito do barítono wagneriano, de projeção violenta e fraseados de impacto.

Georg Zeppenfeld, também ele bastante aplaudido, canta já há muito o tempo em Bayreuth o papel do rei Henrique e continua a lhe conferir sua bela presença e a personalidade grave que caracteriza o personagem.

Enfim, o incrível arauto do rei interpretado por Egils Silins é de uma força extraordinária.

Na regência, Christian Thielemann está impecável, fazendo com que os espectadores ouçam as sonoridades místicas de Lohengrin, com que sintam fisicamente o que Wagner compreendia como “o éter azul-claro do céu”. Ele enfatiza as sutilezas, as suavidades, as ternuras dessa música sublime. Desde o prelúdio, vemo-nos imersos em pleno conto de fadas e os leitmotive são caracterizados de forma tão minuciosa que as nuances de colorido, de ritmo, de textura orquestral parecem inesgotáveis.

Os integrantes do coro de Eberhard Friedrich são excelentes e a orquestra se mantém como um modelo de equilíbrio e de polivalência, potente sem ser opressiva.

Ato I
O ato começa com a chegada do rei Henrique I da Germânia à região após anúncio de seu arauto para convocar as tribos alemãs para expulsar os húngaros de suas terras. O conde Friederich de Telramund age como regente, uma vez que o duque Gottfried de Brabante, herdeiro do trono de Brabante, ainda era menor de idade. Gottfried desaparecera misteriosamente, e Telramund, coagido por sua esposa, Ortrud, acusa Elsa de ter matado o irmão e exige o título do ducado para si.

Rodeada de suas damas de honra surge Elsa, que, sabendo ser inocente, declara estar disposta a se submeter ao julgamento de Deus através do combate. Ela então invoca o protetor com o qual sonhou uma noite, e eis que surge no julgamento um cavaleiro num barco puxado por um cisne. A chegada havia acontecido somente após a segunda requisição do arauto. Ele aceita lutar por ela desde que ela nunca pergunte seu nome ou sua origem, proposta essa prontamente aceita. Telramund também aceita o desafio do julgamento pelo combate para provar a palavra de sua acusação.

O cavaleiro derrota Telramund num duelo, provando assim sua proteção divina e a inocência da princesa. Entretanto, poupa a vida do perdedor, declara Elsa inocente e a pede em casamento.

Ato II
O ato inicia na parte externa da catedral durante a noite. Juntos, Telramund e Ortrud lamentam sua atual situação, banidos moralmente da comunidade. Ortrud é pagã, lida com a magia e arma um plano de vingança para que Elsa faça ao cavaleiro as perguntas proibidas, fazendo com que ele vá embora. Com as primeiras luzes da manhã, Elsa aparece na sacada, vê Ortrud no pátio, lamenta sua situação e a convida para participar da cerimônia de casamento. Sem ter sido observado, Telramund retira-se do local. Ortrud começa a conspiração, dizendo que deve haver algo na vida do cavaleiro que o envergonhe, algo que o faça querer negar seu passado.

Em outra cena, a população se reúne, e o arauto anuncia que o rei oferecera ao cavaleiro o ducado de Brabante. Ele entretanto recusa a oferta, desejando ser conhecido somente como “Protetor de Brabante”. Quando o rei, o cavaleiro desconhecido, Elsa e suas damas de honra estavam prestes a entrar na igreja, Ortrud aparece e acusa o cavaleiro de ser um mágico, razão pela qual vencera a disputa. Telramund também aparece e alega ter sido vítima de uma fraude, pois nem o nome de seu oponente ele sabia. O cavaleiro se recusa a revelar sua identidade, dizendo que somente Elsa tem o direito de conhecê-la, e nem mesmo o rei seria digno de saber. Elsa, apesar de abalada pelas alegações de Ortrud e Telramund, assegura ao cavaleiro a sua lealdade, e eles entram na igreja.

Ato III

Ilustração da estréia em Londres.
A cerimônia de casamento ocorre, e os dois expressam seu amor com o outro. Mas Elsa, persuadida por Ortrud, rompe o pacto com o cavaleiro, agora seu marido, fazendo-lhe as perguntas proibidas. Na mesma cena, Telramund aparece para atacar o cavaleiro, mas é morto por ele, que então se volta para Elsa e pede que ela o acompanhe para, em presença do rei, revelar o mistério de sua identidade.

Muda a cena, voltando-se ao local do primeiro ato. As tropas chegam para a guerra. O corpo de Telramund é trazido. O cavaleiro explica o assassinato perante o rei e então, diante de todos, anuncia a sua verdadeira identidade: ele é Lohengrin, um cavaleiro do Santo Graal, filho do rei Parsifal. Revela também que fora enviado pelo Graal para provar a inocência de Elsa, mas era hora de retornar.

Para tristeza de Elsa, o cisne reaparece, indicando a partida de Lohengrin. Ele ora pela volta do irmão de Elsa, desaparecido. O cisne desaparece nas águas e reaparece na forma do jovem Gottfried, que havia sido transformado em animal pelo feitiço de Ortrud. Um pombo aparece do céu e, assumindo o lugar do cisne, guia Lohengrin de volta ao castelo do Santo Graal.

           

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