DON GIOVANNI

De Wolfgang Amadeus Mozart - Ópera Nacional de Paris

Exclusivo

Drama giocoso em dois atos
Libreto de Lorenzo da Ponte
Cantada em italiano
Duração: 3h04
Apresentada pela primeira vez em 1787, no Teatro dos Estados de Praga

Maestro: Philippe Jordan
Diretor: Ivo van Hove
Figurinos: An D’Huys
Maestro de coro: Alessandro Di Stefano
Orquestra e Coro da Ópera de Paris
Coprodução com o Metropolitan Ópera de Nova York

Étienne Dupuis (Don Giovanni)
Ain Anger (Il Commendatore)
Jacquelyn Wagner (Donna Anna)
Stanislas de Barbeyrac (Don Ottavio)
Nicole Car (Donna Elvira)
Philippe Sly (Leporello)
Mikhail Timoshenko (Masetto)
Elsa Dreisig (Zerlina)

Mesmo tendo supostamente seduzido uma lista interminável de mulheres, Don Giovanni fracassa em suas investidas junto a Donna Anna, a Zerlina e à criada de Donna Elvira. Ele é apresentado aqui como um mitômano, que recorre mais ao poder, à intimidação e à força do que à sedução.

Situada numa cidade-fantasma de concreto, entre fachadas em estilo renascentista e toques futuristas à De Chirico, com labirintos compostos de escadas dignas de Escher e de perspectivas piranesianas, esta montagem parte da constatação de que Don Giovanni, mesmo tendo supostamente seduzido centenas de mulheres, fracassa em seus esforços para conquistar Donna Anna, Zerlina e a criada de Elvira. O personagem é apresentado como um mitômano que se vale do poder, do dinheiro e da força, suscitando associações com o escândalo do produtor hollywoodiano Weinstein. Predominam aqui não os prazeres da libertinagem, mas a brutalidade e a frustração. O espírito é o oposto ao da montagem de Don Giovanni de François Sivadier, apresentada no Ópera na Tela, em 2017, uma esfuziante celebração da sedução e do desejo.

O Don Giovanni de Etienne Dupuis é, portanto, um predador implacável, até mesmo antipático, que se apoia menos na sedução do que na intimidação. Ele maneja ora um fraseado violento e cortante, ora um legato de uma terna suavidade. Sua voz mista é capaz tanto de seduzir, como – com seu registro grave, pleno e sombrio – de castigar.

O timbre cintilante e os graves vibrantes de Philippe Sly se mostram bastante adequados tanto ao personagem de Leporello – aqui concebido como um gêmeo, um duplo e um aprendiz de seu patrão – como ao seu estilo interpretativo.

Nicole Car, casada na vida real com Etienne Dupuis, faz com que ele passe um mau pedaço em cena na pele de Donna Elvira, cuja raiva se concentra toda na voz, afiada, ainda que sedosa, de um vibrato suave. Os dois compartilham – com intensos pianissimi – belos momentos de delicadeza.

Jacquelyn Wagner se apresenta como uma Donna Anna intensa como sua voz fina e ácida, com um timbre vibrante. Ain Anger coloca sua voz profunda e imponente a serviço de um commendatore combativo, que se transforma em seguida num vingador solene, cuja voz nos chega do além. A nova estrela francesa do canto lírico, Elsa Dreisig, que interpreta uma Zerlina sucessivamente rebelde, graciosa ou arrependida, exibe um timbre acetinado e um fraseado eloquente, enquanto Mikhail Timoshenko confere ao personagem de Maseto carisma e entusiasmo, além de seu timbre cintilante.

Stanislas de Barbeyrac nos oferece um magnífico Don Ottavio. Graças à sua presença cênica – e a seu fôlego –, ele se mostra capaz de estender ao máximo seus tempi, fazendo o tempo parar, conservando o público em suspenso, atento à sua longa linha vocal. Sua voz projetada mostra duas faces: por um lado, um timbre doce e delicado como mel e, por outro, uma sonoridade mais sombria.

O maestro Philippe opta por uma abordagem clássica, bastante vienense, mostrando-se extremamente fiel, em todos os aspectos, à partitura original.

Ato I
Leporello espera enquanto o patrão, Don Giovanni, seduz mais uma mulher.
Perseguido por Ana, Don Giovanni sai correndo, mascarado, e é desafiado pelo pai
dela, o Comendador. Ana foge, e o Comendador é morto. Ela encontra o corpo e exige
que Otávio, seu noivo, a vingue. Elvira lamenta seu amor por Don Giovanni, dizendo
que ele a seduziu prometendo casamento. Don Giovanni se afasta impaciente e
Leporello enumera as conquistas do patrão. Don Giovanni se interessa por Zerlina e
convida seu noivo, Masetto, para uma festa em sua mansão. Sozinho com Zerlina,
começa a flertar. Elvira adverte Zerlina sobre o dissoluto. Ana já tem certeza de que
era Don Giovanni o assassino mascarado do pai, enquanto Otávio jura descobrir a
verdade. Leporello relata que Elvira atrapalhou a festa, mas Don Giovanni só pensa em
novas conquistas. Quando Elvira, Ana e Otávio chegam mascarados, Don Giovani sai
com Zerlina, mas ela grita pedindo ajuda. Don Giovanni encontra Otávio empunhando
uma pistola. O trio tira as máscaras e o ameaça. Mesmo abalado, Don Giovanni
mantém a atitude desafiadora.

Ato II
Don Giovanni troca de roupas com Leporello para seduzir a criada de Elvira. Esta ouve
Don Giovanni pedir perdão e quer acreditar. Leporello, com as roupas do patrão,
abraça Elvira, enquanto Don Giovanni, vestido como o criado, faz serenata para a
serviçal dela. Masseto chega em busca de Don Giovanni e leva um soco de “Leporello”.
Quando “Don Giovanni” foge de Elvira, é visto por Ana e Otávio e imediatamente
revela ser Leporello. Otávio jura matar Don Giovanni. Mas Elvira ainda ama o nobre.
No cemitério, Don Giovanni graceja sobre uma mulher que o confundiu com Leporello.
De repente, ouve-se uma voz advertindo que seu riso logo terá fim. Vendo a estátua
do Comendador, Don Giovanni zomba da ameaça. Leporello convida a estátua a jantar
com o patrão, e ela assente. Imperturbável, Don Giovanni reúne músicos para o jantar.
Elvira chega mas é insultada; ao sair, ela grita. Surge a estátua do Comendador. Don
Giovanni lhe oferece jantar, mas a estátua por sua vez o convida a jantar consigo.
Leporello implora ao patrão que recuse, mas ele aceita. Apertando a mão do nobre, a
estátua exige: “Arrepende-te!” “Não!” Num derradeiro grito. Don Giovanni é tragado
pelas chamas. Seus inimigos chegam e, felizes por Don Giovanni ter enfim pagado por
seus pecados, decidem recomeçar a vida.

           

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