TOSCA

De Giacomo Puccini - Ópera do Estado de Viena



Ópera em 3 atos

Libreto: Luigi Illica e Giuseppe Giacosa

Baseada na peça de teatro de Victorien Sardou, de 1887, La Tosca

Cantada em italiano

Estreou no Teatro Costanzi, de Roma, em 14 de janeiro de 1900.

Duração: 2h45

Maestro: Bertrand de Billy
Diretora: Margarethe Wallmann
Diretor de Coro: Martin Schebesta
Coro da Ópera do Estado de Viena
Orquestra da Ópera do Estado de Viena

Floria Tosca …………………….. Anna Netrebko
Mario Cavaradossi ……………. Yusif Eyvazov
Barão Scarpia …………………… Wolfgang Koch

Em Roma, em 1880, o pintor Mario Cavaradossi ajuda um prisioneiro político foragido. Angelotti é procurado por Scarpia, o temido chefe de polícia que persegue todos os que lutam pela liberdade. O gesto generoso de Cavaradossi, contudo, terá terríveis consequências. Scarpia cobiça há muito a amante do pintor, a bela cantora Floria Tosca. Nada mais fácil para este hábil manipulador do que utilizar o ciúme da temperamental Tosca para capturar Angelotti, se livrar de Cavaradossi e possuir enfim a amante deste.

No momento da estreia de Tosca, em janeiro de 1900, Giacomo Puccini reina como o novo senhor da ópera italiana. A fama daquele que desponta como sucessor de Verdi se estende para além das fronteiras da Itália, pela Europa e até a longínqua Argentina. Contudo, Tosca contou com uma recepção morna por parte da crítica.

Com esta obra, Puccini, com os dois pés firmemente plantados no século XX e tendo se tornado um compositor intensamente popular, dá um passo adiante na sua arte. Desse esforço nascerá uma ópera assombrada pela ideia de traição e marcada pela revolta contra o arbítrio e a opressão política. Uma ópera cheia de furor, atravessada por gritos lancinantes, de uma veemência incomparável e onde predomina sobretudo a amarga sensação de que os artistas são meros fantoches manipulados pelos poderosos. A natureza política de Tosca suscitou muita indignação, em particular pelo fato de o personagem de Scarpia mostrar
claramente como os carrascos trabalham de bom grado para a glória do santissimo governo.

Ela traz também ecos de uma época sacudida pelo mal-estar social, em que o anarquismo se espalha pela Europa, e na qual o caso Dreyfus polariza a sociedade, uma época em que ainda existem vestígios da Comuna de Paris e na qual Giovanni Verga, na Itália, e Zola, na França, introduzem na literatura esta realidade social que a arte no passado tinha como missão fazer com que fosse esquecida.

As restrições formuladas pelos críticos revelam uma profunda incompreensão da modernidade da obra, que se impõe por um realismo rude, produzido pelo contraste de situações fortes numa sequência de tirar o fôlego e numa montagem que prenuncia uma outra arte que nascia: apesar de ter sua origem no teatro, Tosca se vale das emoções e dos ritmos típicos do cinema. A rapidez da ação, os efeitos impactantes, a violência dos desejos
exacerbados, a comoção suscitada por uma perturbadora cena de tortura, o terror nascido da violência policial, tudo contribui para impressionar fortemente o espectador, transportado por uma série de paixões e sensações. Puccini pontua sua partitura com anotações que enfatizam as mudanças de movimentos e nuances: “Vivacissimo con violenza”, “con grande passione “, “feroce”, “lamentoso”. Todas essas indicações dinâmicas fazem da partitura uma sucessão de espasmos intercalados por raros hiatos de calma.

A má vontade expressa pela crítica não impede um formidável sucesso popular. O triunfo passa por Milão, Turim, Nápoles, Londres, Nova York, Buenos Aires, Odessa, Rio de Janeiro… Em todo o mundo o público se deixa entusiasmar por essa música ardente, em tons patéticos, que transcendem a aparente trivialidade de um caso policial trágico. Tosca se impõe então como uma das grandes obras do repertório lírico – interpretada pelas maiores cantoras, a começar por Maria Callas. A obra de Puccini é emblemática de sua época também pelo fato de marcar uma inflexão, se destacando ao mesmo tempo como uma das últimas grandes óperas populares e a primeira ópera moderna.

A qualidade dessa Tosca se deve a dois intérpretes excepcionais: Anna Netrebko (Tosca) e Wolfgang Koch (Scarpia). Netrebko é a diva por excelência, estranhamente devota, ciumenta, sedutora, passional, desesperada, provocante. Sua voz arredondada demonstra um grande controle dramático e uma beleza refinada, tornando sua interpretação totalmente convincente.

O maestro Bertrand de Billy confere à suntuosa partitura de Puccini todo a tensão, o refinamento e o élan dramático que a música merece.

ATO I

Cesare Angelotti, um prisioneiro político fugitivo, se esconde na capela de sua irmã, a marquesa Attavanti. O pintor Mario Cavaradossi chega para continuar a trabalhar num quadro. Angelotti surge e diz a ele que está sendo perseguido pelo Barão Scarpia. Cavaradossi promete ajudá-lo. Ouve-se a voz de Tosca chamando Cavaradossi. Angelotti se esconde. Tosca entra e expressa ciúme da mulher na pintura, que ela reconhece como a marquesa Attavanti. Cavaradossi tranquiliza Tosca sobre sua fidelidade. Após a saída de Tosca, Angelotti reaparece conta seu plano de fugir disfarçado de mulher. Cavaradossi oferece a Angelotti esconderijo em sua própria casa. O som de um canhão sinaliza que a fuga de Angelotti foi descoberta. Ele e Cavaradossi saem apressados ​​da igreja, mas Angelotti deixa cair um leque. Entra Scarpia, seu capanga Spoletta e vários policiais.
Buscam Angelotti. A cesta de comida vazia e um leque com o brasão de Attavanti são encontrados na capela. As suspeitas de Scarpia aumentam quando ele descobre que Cavaradossi esteve na igreja. Quando Tosca chega à procura de seu amante, Scarpia desperta seu ciúme ao sugerir uma relação entre o pintor e a marquesa Attavanti. Ele chama a atenção de Tosca para o leque e sugere que alguém deve ter surpreendido os amantes na capela. Tosca, enfurecida, corre para enfrentar Cavaradossi. Scarpia ordena que Spoletta e seus agentes a sigam, assumindo que ela os levará a Cavaradossi e Angelotti.

ATO II

No Palazzo Farnese:
Scarpia manda um bilhete para Tosca pedindo-lhe que vá ao apartamento dele. Seu
agente, Spoletta, chega para relatar que Angelotti continua foragido, mas Cavaradossi fora preso para interrogatório. Ele é trazido e segue-se um interrogatório. O pintor nega saber qualquer coisa sobre a fuga de Angelotti. Tosca entra no apartamento e vê Cavaradossi sendo escoltado para uma antecâmara. Tudo o que ele tem tempo para dizer é que ela não deve contar nada a eles. Scarpia então afirma que ela pode salvar seu amante de uma dor indescritível se revelar o esconderijo de Angelotti. Ela resiste, mas o som de gritos entrando pela porta a fazem dizer a Scarpia para procurar o poço no jardim da villa de Cavaradossi. Scarpia ordena que seus torturadores parem. Cavaradossi fica arrasado ao descobrir que Tosca traiu seu amigo. Ele diz para Scarpia que seu domínio do terror logo chegará ao fim. Isso é suficiente para a polícia considerá-lo culpado e levá-lo para ser executado. Sozinho com Tosca, Scarpia propõe uma barganha: se ela se entregar a ele, Cavaradossi será libertado. Ela se revolta e rejeita repetidamente seus avanços, mas ouve os tambores do lado de fora anunciando uma execução. Spoletta retorna com a notícia de que Angelotti se matou ao ser descoberto e que tudo está pronto para a execução de Cavaradossi. Scarpia hesita e Tosca desesperadamente concorda em se submeter a ele. Ele diz a Spoletta para arranjar uma execução simulada. Tosca insiste que Scarpia deve fornecer salvo-conduto fora de Roma para ela e Cavaradossi. Ele concorda. Enquanto redige o documento, ela pega uma faca da mesa de jantar e quando ele se aproxima, ela o esfaqueia.

ATO III

No Castelo de Sant’Angelo:
Os guardas conduzem Cavaradossi e um carcereiro o informa que ele tem uma hora de vida. Tosca entra e mostra o salvo-conduto que obteve, acrescentando que matou Scarpia e que a execução iminente é uma farsa. Cavaradossi deve fingir morte para que eles possam depois fugir juntos, antes que o corpo de Scarpia seja descoberto. A dupla imagina em êxtase a vida que compartilharão, longe de Roma. Cavaradossi é levado para longe, e Tosca observa com crescente impaciência enquanto o pelotão de fuzilamento se prepara. Os homens atiram e Tosca elogia o realismo de sua queda. Depois que os soldados saem, ela se apressa em direção a Cavaradossi, apenas para descobrir que Scarpia a traiu: as balas eram reais. Com o coração partido, ela agarra o corpo sem vida de seu amante e chora. As vozes de Spoletta, Sciarrone e dos soldados são ouvidas, gritando que Scarpia está morto e que Tosca o matou. Enquanto os homens entram correndo, Tosca se levanta, foge de suas garras e corre para o parapeito. Gritando “O Scarpia, avanti a Dio!” (“Ó Scarpia, nós nos encontramos diante de Deus!”). Ela se joga no precipício para a morte.