LUCIA DE LAMMERMOOR

De Gaetano Donizetti - Ópera de Estado de Viena



Ópera em duas partes e 3 atos.

Libreto: Salvatore Cammarano

Baseado no romance The Bride of Lammermoor, de Walter Scott.

Cantada em italiano

Encenada pela primeira vez no Teatro San Carlo de Nápoles em 26 de setembro de 1835.

Duração: 2h25

Maestro: Evelino Pidò
Diretor: Laurent Pelly
Orquestra da Ópera de Estado de Viena
Coro da Ópera de Estado de Viena

Lucia….………………………………………..Olga Peretyatko
Sir Edgardo di Ravenswood…..………Juan Diego Florez
Lorde Enrico Ashton……………………..George Petean

Lucia Ashton e Edgardo Ravenswood, membros de famílias escocesas rivais, têm uma história de amor secreta. Enrico, irmão de Lucia, que detesta os Ravenswood, mente à irmã, dizendo que Edgardo a traiu, se casando com outra mulher. Obriga-a então a se casar com outro nobre, Arturo. A dor de Lucia é tão arrasadora que ela perde a razão.

Em 1832, Donizetti havia estreado O Elixir do Amor, uma ópera-bufa, e três anos depois lança Lucia di Lammermoor, ópera completamente diferente, de um Donizetti trágico e mais profundo. Paixão, desespero e loucura são as palavras-chave de Lucia di Lammermoor, uma das grandes obras-primas do bel canto.

Comemorando 150 anos este ano, a Staatsoper de Viena apresenta uma nova versão da obra, em encenação de Laurent Pelly, com cenários de Chantal Thomas. A montagem se inspirou no filme A Queda da Casa de Usher, realizado por Jean Epstein em 1928. As montanhas nevadas de Lammermoor, o castelo cheio de sombras, os
cinzas e marrons rígidos dos costumes de época e os personagens glacialmente isolados compõem uma atmosfera triste e estranha. “Meu principal objetivo era evitar o realismo”, explica Laurent Pelly. “Esta ópera é para mim como um filme de terror, a história de uma jovem psicologicamente frágil que é manipulada pelos homens que a cercam.”

O já lendário tenor Juan Diego Flórez e a soprano star Olga Peretyatko interpretam essa partitura de delicada força nos papéis dos amantes trágicos. Juan Diego Flórez nos oferece um dos mais belos Edgardo da era moderna. Basta que entre em cena, e seu estilo inflamado e a pureza das suas vocalizes, além do vigor e do
brilho da projeção no alto da tessitura, atraem toda a atenção – mesmo no sexteto, no qual ele rivaliza vocalmente com os demais protagonistas, além do coro. E, naturalmente, sua última ária é um grande momento, não só pela expressão do amor e da ternura, mas também pelo heroísmo vocal. George Petean faz um adversário de grande classe, principalmente no confronto do terceiro ato.

Leonardo Navarro é um Normanno de bela presença já no início da obra, logo superado pela projeção de Raimondo, confiado ao baixo Jongmin Park, de vocalidade ao mesmo tempo flexível e particularmente impactante na plenitude dos graves. Virginie Verrez completa o elenco com uma Alisa lírica, de timbre luminoso.

Evelino Pidò envolve os cantores numa dinâmica raramente vista, de grande energia sob a sua batuta, especialmente nas partes rossinianas. Ele conta, para isto, com uma Orquestra da Ópera de Viena como sempre impressionante na força contida das cordas, de uma ductilidade das mais impressionantes no mundo, lembrando que o conjunto austríaco é mais adequado que as orquestras alemãs para uma música italiana de que se sente muito mais próxima.

ATO I

Nos jardins do castelo da família Lammermoor, Normanno, capitão da guarda do castelo, está procurando um intruso. Ele conta a Enrico Ashton de Lammermoor que suspeita que tal intruso é Edgardo de Ravenswood, de família inimiga, que vem ao castelo para encontrar-se com Lucia, sua irmã mais nova. Ao descobrir que Normanno estava certo, Enrico se dispõe a acabar de uma vez com a relação entre ambos. Diante de uma fonte, na entrada próxima ao castelo, está Lucia, esperando por Edgardo. Ela explica a Alisa, sua serviçal, que viu nesse mesmo lugar o fantasma de uma menina assassinada por um ciumento ancestral da família Ravenswood. Alisa vê nisso um mau pressentimento e alerta Lucia para que desista do romance. Edgardo aparece e explica que vai à França, em missão política, acreditando poder selar a paz com Enrico e casar-se com Lucia. E, diante das dúvidas da aceitação ou não por parte de Enrico, trocam alianças selando o compromisso.

ATO II

Dentro dos aposentos de Lorde Enrico, acontecem os preparativos para o casamento arranjado de Lucia e Arturo Bucklaw. Enrico, preocupado com a reação de Lucia, forja uma carta supostamente escrita por Edgardo dizendo que ele já a esqueceu e está casado. Raimondo, o capelão, tenta convencer Lucia a esquecer Edgardo pelo bem de sua família. Tem início a cerimônia nupcial. Arturo e Lucia, contrariada, assinam o contrato nupcial. Edgardo aparece de súbito e ameaça os presentes. Raimondo mostra a Edgardo o contrato nupcial e este, irritado, faz com que Lucia se desfaça dos anéis de compromisso. E é forçado a se retirar do castelo.

ATO III

Enrico e Edgardo marcam um duelo. Dentro do castelo, Raimondo noticia que Lucia assassinou Arturo cravando-lhe um punhal durante a noite de núpcias. Fora de si, Lucia se imagina na noite de núpcias com Edgardo e roga-lhe perdão pela traição, ela havia chegado à loucura. Amanhece e, atrás do cemitério dos Ravenswood, Enrico e Edgardo se encontram para o duelo. Surge uma procissão lamentando a morte de Lucia (não é explícita a causa – se Lucia foi condenada à execução, suicidou-se ou adoeceu). Dobram os sinos anunciando a morte e Edgardo, que não suporta a ideia de vê-la morta, suicida-se com uma punhalada no peito.