LA TRAVIATA

De Giuseppe Verdi - Ópera Nacional de Roma



Ópera em 3 atos

Libreto: Francesco Maria Piave

Baseado no romance A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho.

Cantada em italiano

Encenada pela primeira vez em 1853 no Teatro La Fenice, Veneza.

Duração: 2h10

Maestro: Daniele Gatti
Diretor: Mario Martone

Violetta Valery……………………Lisette Oropesa
Alfredo Germont………………..Saimir Pirgu
Giorgio Germont……………..…Roberto Frontali

Numa noite de boemia em Paris, Alfredo Germont, jovem de uma família respeitável da região da Provence, apaixona-se por Violetta, uma conhecida cortesã. Também atraída por ele, Violetta abandona sua profissão para se entregar – sem reservas – a Alfredo. Contudo, o pai de Alfredo, em nome do decoro burguês, convence Violetta a romper relações com o seu filho. Ela escreve então uma carta a Alfredo anunciando o rompimento, porém, sem revelar o motivo real de sua decisão. A tuberculose, que ela já havia contraído, volta a se manifestar com toda a força. Um mês depois, Alfredo fica sabendo pelo pai que Violetta jamais deixou de amá-lo e que ela sacrificou seu amor para preservar a reputação do amante.

Depois do sucesso do Barbeiro de Sevilha, de Rossini, filmado para transmissão por streaming, o Teatro dell’Opera de Roma repete a experiência com La Traviata, de Verdi. O encenador Mario Martone optou por filmar a ópera no próprio teatro, fazendo uso de todos os espaços disponíveis e jogando com extrema economia de meios e ao mesmo tempo grande riqueza de ideias.

Retiradas as poltronas, ele transformou a plateia num segundo palco, separado do primeiro pela orquestra. Mas o verdadeiro protagonista desta nova produção de La Traviata é o próprio Teatro Costanzi, utilizado com inteligência pelo diretor – a começar pelos camarotes, com personagens deitados, filmados de costas, observados em primeiro plano, inclusive nos profundos decotes das mulheres, particularmente Violetta, ou então apanhados de surpresa, como Alfredo, no momento que tenta reproduzir numa tela o verde da residência de Violetta no campo. Salas, corredores e escadas do teatro romano são transformados em salão de jogos, alcovas, antecâmaras, todos eles ambientes suspensos no vazio de uma alegria efêmera, enquanto os criados perambulam como dançarinos. Durante o dueto de Alfredo e Violetta depois do primeiro encontro, Martone os deixa sentados nos degraus da escada de mármore, enquanto ao fundo a multidão parisiense, lasciva, luxuosa e alegre, continua a se movimentar animadamente entre o balcão, a galeria e o salão de baile
reservado aos convidados das estreias.

Não querendo se limitar aos ambientes internos, Martone ousa também filmar em exteriores. Assim, quando Alfredo se afasta do ninho de amor numa carruagem, podemos vê-lo passando pelas ruínas das Termas de Caracalla. E quando começa o carnaval, Violetta se debruça numa janela do teatro para ver a multidão de mascarados dançando entre os anúncios luminosos da Via Firenze.

No papel título, Lisette Oropesa brilha com sua voz sublime e uma técnica perfeita. A soprano faz uma Violetta intimista e descomplexada, porém enérgica e às vezes até violenta, disposta a se agarrar à vida com todas as forças, mesmo se sabendo condenada. O tenor Saimir Pirgu comparece com uma voz poderosa, mas numa interpretação contida, sem jamais ceder aos excessos românticos de Alfredo, controlando o desdobramento da tragédia que acabará por engolfá-lo. Desempenho impecável de Roberto Frontali, de convincente veemência no papel de Giorgio Germont. A direção musical de Daniele Gatti nos revela todas as nuances de uma esplêndida partitura. O maestro joga com virtuosismo com os pianíssimos, o claro-escuro, fazendo vibrar toda a força dramática e a fina textura lírica da obra-prima de Verdi.

ATO I

É noite de festa na casa da cortesã Violetta Valéry. Violetta, prometida ao Barão Douphol, é apresentada pelo seu amigo Gastone de Letorières a Alfredo Germont. Gastone conta à moça que Alfredo já a conhecia há algum tempo e a amava em segredo. Alfredo, então, fazendo um brinde a ela, declara-lhe o seu amor. Violetta responde a Alfredo que, sendo uma mulher mundana, não sabe amar e que só lhe poderia oferecer a amizade, devendo então procurar outra mulher. Mas ainda assim, Violetta oferece-lhe uma rosa que carrega entre os seios e pede-lhe que volte no dia seguinte. Após a festa, Violetta permanece só e começa a dar-se conta do quão profundamente lhe tocaram as palavras de Alfredo, um amor que ela nunca conheceu anteriormente.

ATO II

Violetta e Alfredo iniciam um relacionamento amoroso e vão morar em uma casa de campo, nos arredores de Paris. Porém, Violetta vai constantemente à cidade vender seus bens para suportar as despesas da casa de campo. Giorgio Germont, o pai de Alfredo, visita Violetta e suplica-lhe que abandone Alfredo para sempre, pois acredita que vê-lo envolvido com uma mulher mundana destruiria a sua reputação. Violetta atende às súplicas de Giorgio e sela um envelope endereçado a Alfredo. Ela parte para uma festa na casa da sua amiga e
Alfredo lê a carta. Desconfiado de que Violetta possa tê-lo traído, Alfredo vai até a festa para se vingar. Alfredo chega à festa e logo em seguida chega Violetta, acompanhada pelo Barão Duphol. No momento em que o jantar é servido, Violetta e Alfredo permanecem a sós no salão e Alfredo a força a confessar a verdade. Ela, mentindo, diz amar o barão. Furioso, Alfredo atira na cara de Violetta todo o dinheiro ganho no jogo, desafiando Douphol para um duelo. Violetta desmaia, Alfredo é reprimido por todos e a festa termina.

ATO III

Violetta está doente e empobrecida, depois de se desfazer de todos os bens. Tomada pela tuberculose, recebe cartas de vários amigos e uma, em especial, chama-lhe a atenção. É de Giorgio Germont, arrependido por ter colocado Violetta contra Alfredo. Giorgio e Alfredo visitam Violetta, e reconciliam-se. Violetta e Alfredo começam a fazer planos de vida para depois da recuperação de Violetta. No entanto, Violetta está muito debilitada fisicamente e começa a sentir o corpo ceder. Dá a Alfredo um retrato seu e pede que o entregue à
próxima mulher por quem ele se apaixonar. Violetta sente os espasmos da dor cessarem, mas, em seguida, sucumbe.