Um Baile de Máscaras

Direção: Johannes Erath

Um ballo in maschera

Melodrama em três atos de Giuseppi Verdi

Libreto Antonio Somma

Cantada em italiano

Ópera do Estado da Bavaria

Duração: 2h25

Maestro ZUBIN MEHTA

Diretor JOHANNES ERATH

Figurino GESSINE VÖLLM

Coro e orquestra da Ópera do Estado da Bavaria

Classificação indicativa: 12 anos

PIOTR BECZALA:  Riccardo

GEORGE PETEAN: Renato

ANJA HARTEROS: Amelia

OKKA VON DER DAMERAU: Ulrica

SOFIA FOMINA :Oscar

ANDREA BORGHINI: Silvano

ANATOLI SIVKO: Samuel

O governador Riccardo, Conde de Warwick, analisa em companhia de seu escudeiro e secretário Oscar a lista dos convidados para o baile de máscaras que ele dará em breve, entre os quais está a mulher que ele ama, Amelia, esposa do seu amigo Renato, o mesmo que o alertou de um complô fomentado contra ele e no qual Riccardo não acredita.

Obra crucial, entre as « grandes obras », Macbeth, Don Carlos, Aida e as obras de juventude ou « populares », essa ópera híbrida, ao mesmo tempo espetacular e intimista, histórica, mas também fantasmagórica, anuncia outro Verdi. Ela estreou em Roma em 1859, logo antes dos grandes eventos da unificação da Itália.

O libreto é inspirado nos eventos que acompanharam o assassinato do rei Gustavo III da Suécia durante um baile de máscaras na Ópera Real de Estocolmo em 1792, mas precisou de um grande trabalho de revisão para que não sugerisse o assassinato de um monarca. Portanto, a trama da história acontece em Boston e o rei é só um Conde.

Para sua primeira colaboração com a Ópera do Estado da Bavária, o diretor alemão Johannes Erath escolheu eliminar qualquer alusão ao contexto do libreto, para que a questão psicológica ficasse apenas no trio formado por Amelia, Riccardo e Renato. Trata-se de um drama doméstico, que se ata e desata, uma espécie de ménage à trois, cujo leito central é o protagonista e o símbolo. Por simetria, o leito também aparece invertido no teto, no qual a sombra de um personagem anuncia toda vez um dos eventos que virá, contribuindo para uma sensação de inevitável e à simetria do conjunto.

O que fascina Erath são os seres humanos e o que eles escondem. Sua visão, perturbadora e confusa, mostra a duplicidade do mundo e dos homens, a impossível construção de si mesmo, a impossibilidade de amar e continuar fiel a si próprio. Esse drama interior é amplificado por um funcionamento do coro totalmente separado dos protagonistas, como um coro antigo que comentaria sem entrar na ação. Um coro cujas sombras gigantes são projetadas num ambiente profundamente marcado pelo expressionismo e pelo cinema dos anos 20.

Anja Harteros é uma Amélia com um requinte nobre e maduro, que deixa de lado qualquer sentimentalismo para encarnar uma mulher corroída pelo pessimismo. Ela descreve com grande delicadeza os meandros do coração com variações ornamentais suaves e delicadas com fôlego infinito, que retratam com precisão e requinte a riqueza da alma do seu personagem. Seu timbre parece constantemente transfigurado por uma expressividade ardente e agudos vertiginosos, que fazem o charme dessa rara heroína verdiana, vítima das suas próprias predileções. Há uma chama, uma presença, uma urgência que fazem dela a incontestável triunfadora da noite e formam uma Amelia excepcional, pois ela também é muito pessoal, apesar de uma partitura repleta de dificuldades.

Piotr Beczala, se mostra generoso e sensual e seu canto revela uma riqueza de coloridos no médio, no qual ele constrói um Conde muito encantador. A voz é perfeitamente dominada, a técnica está presente, os agudos solicitados saem e o timbre é claro. Sua última ária « Ma se m’è forza perderti » tem a intensidade e a força emotiva desejadas, com uma dicção realmente admirável.

George Petean é um barítono muito preciso, que sabe conduzir e controlar a voz, mas também, e sobretudo, lhe dar vigor. A voz também sabe tornar-se obscura e modular com uma bela técnica, o que faz dele um Renato interessante.

A jovem cantora russa Sofia Fomina faz um Oscar fresco e giratório; sua voz fica forte e quente durante a obra e, durante o baile, ela também se afirma cenicamente, quando retira brutalmente sua peruca, revelando seus longos cabelos louros que ilustram a temática da duplicidade que agrada ao diretor.

Na orquestra, Zubin Mehta, aos 80 anos, volta a dirigir uma ópera que nunca regeu no palco. Na regência do que foi sua orquestra e que é, sem dúvida, uma das melhores da Europa, ele propõe um trabalho muito preciso, cuidando tanto da estrutura quanto do som pleno, redondo, num andamento bem ritmado, cheio de ênfase, com contrastes de volume, e acompanhando os cantores com muita atenção. Sua interpretação é cuidadosa nos detalhes que nos mostram o trabalho de Verdi, as frases reveladas que dão um colorido particular e, de forma mais geral, a poesia que emana da obra.

Ato I

Riccardo, o governador, ama Amelia, mulher de Renato, seu secretário. Advertido por Renato de um complô para matá-lo, ele decide consultar Ulrica, a advinha. A ela Amelia pede ajuda para esquecer seu amor por Riccardo, e é instruída a colher uma erva à meia-noite. Ulrica avisa a Riccardo que morrerá pela próxima mão que apertar. Renato chega quando dois conspiradores, Samuel e Tom, se afastam, e aperta a mão de Riccardo.

Ato II

Riccardo e Amelia finalmente confessam seu amor. Renato chega e avisa a Riccardo que uma guange o espera. O governador diz a Renato que acompanhe Amelia sem ver de quem se trata. Tom e Samuel chegam, e na confusão o rosto de Amelia é descoberto. Renato jura vingança.

Ato III

Renato adere à conspiração de Samuel e Tom. Riccardo decide mandar Renato e Amelia para a Inglaterra, mas deseja vê-la uma última vez e ignora a advertência de não comparecer ao baile de máscaras. Amelia reconhece Riccardo e implora que fuja, mas Renato aparece e o apunhala. Dizendo a Renato que seu amor por Amelia era casto, Riccardo perdoa os conspiradores e morre.


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