Os Contos de Hoffmann

Direção: Robert Carsen

  • Os Contos de Hoffmann ₢ Julien Benhamou

Hoffmanns Erzählungen

Ópera fantastique em um prólogo, três atos e um epílogo de Jacques Offenbach

Libreto de Jules Barbier

Cantada em francês

Ópera Nacional de Paris

Duração: 3h25 com 2 intervalos

Maestro PHILIPPE JORDAN

Figurino MICHAEL LEVINE

Diretor ROBERT CARSEN

Diretor de coro JOSÉ LUIS BASSO

Orquestra e Coro da Ópera Nacional de Paris

Classificação indicativa: 12 anos

NADINE KOUTCHER:  Olympia

RAMÓN VARGAS:  Hoffmann

ERMONELA JAHO: Antonia

STÉPHANIE D’OUSTRAC: La Muse / Nicklausse

DORIS SOFFEL: Une Voix

RODOLPHE BRIAND:  Spalanzani

As decepções amorosas do poeta alemão Hoffmann, narrador e herói. Três épocas, três paixões, três mulheres: Olympia, Antonia e Giulietta. Cada uma das histórias é contrariada pela intervenção destruidora de um único personagem maléfico.

Jacques Offenbach, compositor alemão e parisiense de adoção, já tinha feito mais de cem obras quando começou a trabalhar nessa ópera, na intersecção da ópera buffa, da ópera romântica e da grande ópera. Ele morreu em outubro de 1880 sem poder assistir à integralidade da representação da obra no palco, realizada alguns meses depois na Opéra Comique.

Sátira política, por vezes engraçada, por vezes dramática, esmaltada de ímpetos românticos, essa ópera popular, adaptada dos misteriosos contos do escritor romântico E.T.A Hoffmann, é uma das mais produzidas no mundo apesar da sua complexa estrutura narrativa. As árias são interpretadas aqui por artistas de renome mundial, acompanhados pelos coros da Ópera de Paris regidos por Philippe Jordan, recentemente recompensados com um prêmio Victoires de la Musique Classique.

O mexicano Ramón Vargas, que substituiu o famoso tenor alemão Jonas Kaufman, que ficou doente, não desmereceu a posição e ofereceu ao público um timbre claro e brilhante, agudos admiravelmente projetados, nuanças bem moduladas e uma grande extensão de fôlego. Pode-se aclamar também sua dedicação em cena: sua dança, de pé no balcão da taberna, no início da ópera, é exultante.

Stéphanie d’Oustrac, intérprete da Musa e de Nicklausse, é uma das grandes satisfações do espetáculo. Muito envolvida na atuação e demonstrando inegáveis talentos de atriz, ela também é muito convincente vocalmente.

Os papéis dos quatro antagonistas, Lindorf, Coppélius, Dapertutto e o Milagre são dados ao jovem baixo Roberto Tagliavini, com seu belo timbre e um francês impecável. Vamos observar particularmente o Scintille diamant do terceiro ato, muito bem realizado, com sua voz suave nos graves, impressionando o público já na primeira nota. Sua ária de apresentação também revela um fraseado e uma divisão do texto bem trabalhados.

O prestígio da distribuição se estende aos três papéis femininos, é claro. Nadine Koutcher conquista o público em Olympia com sua atuação e seus trinados, seus vocalises e suas notas superagudas, tecnicamente muito bem realizado.

Numa perfeita Antonia, com um francês excelente, Ermonela Jaho demonstra mais uma vez sua capacidade de comover, tanto por seus talentos de atriz quanto por sua voz pungente. Ela fica muito à vontade nas passagens líricas valorizando sua voz perfeitamente projetada nas partes mais íntimas, nas quais seu domínio técnico oferece a capacidade de emitir piani delicados.

Finalmente, Kate Aldrich, menos vista, canta o papel da cortesã Giulietta. Seus médios esplendorosos se misturam com a voz de Vargas durante o duo com um charme suave.

O prestígio da distribuição não se apaga com a chegada dos papéis secundários. É assim que Yann Beuron, acostumado com os papéis principais nos grandes palcos internacionais, interpreta com brio os Quatro Criados. O primeiro, Andrès, consegue fazer rir apesar das intervenções monossilábicas, graças a uma atuação forte. O segundo, Cochenille, vesgo e gago, é mais engraçado ainda: com cabelos oleosos, óculos espessos, andar desajeitado e sorriso pateta mas uma voz bem projetada toda vez que a partitura permite. É com o personagem de Frantz, o criado surdo, cuja ária faz parte das passagens mais conhecidas da ópera, que o tenor consegue nos comover, bem além da derrisão que o personagem inspira.

Sob a regência inspirada de Philippe Jordan, a Orquestra da Opéra de Paris faz as características da partitura se revelarem, com um trabalho erudito nas nuanças e variações de tempo, no intuito de valorizar a música de Offenbach, a direção e os cantores, e destacando, por vezes, uma emoção, uma gague ou uma ação.

A direção de Robert Carsen, já muito conhecida é, sem dúvida, um das mais bem-sucedidas dele: estética, inteligente, variada e divertida, ela usa o espaço cênico e os meios técnicos oferecidos pela Ópera de Bastilha com precisão e sem exagero, numa narrativa em abismo bem conduzida.

Prólogo

Lindorf, politico inescrupuloso, deseja a cantora Stella, amante de Hoffmann. Exortado por estudantes beberrões, este conta a história de seus amores infelizes por três outras mulheres, todas encarnadas em Stella.

Ato I

Em Paris, Hoffmann se apaixona por Olympia, uma boneca mecânica feita por Spalanzani. Tocada no ombro, ela canta e dança. Coppelius, que forneceu os olhos da boneca, sente-se enganados por Spalanzani e destrói Olympia. Só então Hoffmann se dá conta de que ela era um autômato.

Ato II

Em Munique, Crespel proíbe a filha, Antonia, de cantar, receando que ela morra da mesma doença que sua mulher, cantora de ópera. Apaixonados, Hoffmann e Antonia decidem se casar. O Dr.Miracle a ameaça e faz com que um retrato de sua mãe lhe ordene cantar. Ela canta e morre. O doutor some, e Crespel culpa Hoffmann.

Ato III

Num bordel veneziano, Giulietta canta o amor, mas o pérfido Dapertutto tem outros planos. Em troca de um anel de diamante, ela terá de capturar o reflexo de Hoffmann. Seduzido com facilidade, o poeta entrega seu reflexo. Em seguida, mata Dapertutto, mas perde Giulietta.

Epílogo

Após contar as histórias, Hoffmann está bêbado. Stella retorna e o encontra adormecido. Levada por Lindorf, ela olha com tristeza para Hoffmann.


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