O Navio Fantasma

Direção: Alex Ollé (La Fura dels Baus)

Exclusivo

Der fliegende Holländer

Ópera romântica em três atos de Richard Wagner

Libreto de Richard Wagner

Cantada em alemão

Teatro Real de Madri

Duração: 2h19

Maestro PABLO HERAS-CASADO

Diretor ALEX OLLÉ (LA FURA DELS BAUS)

Diretor coro ANDRÉS MÁSPERO

Figurino JOSEP ABRIL

Orquestra e coro: Teatro Real de  Madri

Classificação indicativa: 12 anos

SAMUEL YOUN: O Holandês

KWANGCHUL YOUN: Daland

INGELA BRIMBERG: Senta

NIKOLAI SCHUKOFF: Erik

KAI RÜÜTEL: Mary

A cada sete anos, o Holandês maldito tem o direito de colocar os pés em terra. No resto do tempo, ele está condenado a navegar pela eternidade. Só o amor de uma mulher fiel até a morte pode livrá-lo desse destino. Será que a jovem Senta, filha do capitão norueguês Daland, é quem vai, finalmente, quebrar a maldição?

O Navio Fantasma foi composto por Wagner em 1834, baseado num episódio das Memórias de von Schnabelewopski, do poeta alemão Heinrich Heine, ele mesmo inspirado em antigos relatos marítimos lendários.  Wagner teria tido a ideia de fazer uma ópera após uma viagem de barco movimentada no Báltico, quando ele fugia de Riga e seus credores. A tempestade, as ondas, o barulho do vento e as melodias ancestrais cantadas pelos marujos, foram sonoridades inspiradoras e um elemento adaptado ao desenvolvimento de temas estimados por Wagner e recorrente em todas as suas obras posteriores: a luta entre os mundos terrestre e sobrenatural, a maldição dos deuses, os elementos violentos da natureza, o amor puro e a fidelidade redentora de uma mulher ideal.

O Navio Fantasma é apresentado pela primeira vez em 2 de janeiro de 1843 em  Dresde, sob a regência do compositor. Mas sua carreira internacional só vai se confirmar após uma profunda remodelação da obra em 1860.

É a primeira ópera de Wagner a usar o sistema de leitmotiv, temas musicais que caracterizam um personagem ou uma ideia. Desde a Abertura orquestral, os temas do Holandês voador e o de Senta surgem e podem ser claramente identificados durante a ópera. A escrita orquestral – sobretudo nas cenas de tempestade – destaca os timbres dos sopros e cobres e anuncia as revoluções que Wagner fará no campo da orquestração em suas futuras obras.

A direção desse Navio Fantasma, foi feita por Alex Ollé, responsável pela Fura dels Baus, uma companhia teatral muito famosa na Espanha por sua originalidade e sua busca de um espaço cênico menos tradicional, que combina imaginação, desempenho e espetáculo.

Alex Ollé e seu cenógrafo Alfons Flores transpõem a viagem à deriva do Holandês das águas frias do Mar do Norte ao Golfo de Bengala. Nessa versão, o navio é levado até o terrível porto de Chittagong, em Bangladesh: um enorme cemitério de navios que são desmontados por milhares de pessoas que abordam os navios abandonados e cheios de resíduos tóxicos e armadilhas mortais.

Alex Ollé encontra um equivalente contemporâneo extremamente poderoso ao obscuro inferno do mundo wagneriano, marcado pelo misticismo, pelo fantástico das crenças românticas, numa sociedade Bengali regida por normas, valores e crenças arcaicas (como a reencarnação, a predestinação).

Alfons Flores cria no palco em declive um deserto surrealista tendo no chão, areia na frente e telas atrás, evocando dunas. À esquerda, a enorme proa de um navio que vai até o alto do palco. Essa proa é o único dispositivo cênico cujas partes superiores e inferiores se abrem formando uma passarela em cima e uma passagem embaixo para os marujos.

O maestro Pablo Heras-Casado, que pela primeira vez enfrenta, com autoridade, uma ópera de Wagner, não só domina mas torna a partitura ainda mais sublime jogando com sua dinâmica, sua força evocadora, seus impulsos líricos e dramáticos. Ele mostra, mais uma vez, seu grande talento, sua aptidão à nuança, a colocar os andamentos em favor da situação dramática e a conduzir os crescendos que levam ao sublime.

A sueca Ingela Brimberg, cujo início da carreira foi de mezzo-soprano, e se tornou depois uma soprano dramática, encarna uma Senta plena de paixão contagiosa, fundando sua interpretação numa técnica vocal excelente pelas transições, pelas progressões do som, a «viagem» para um agudo penetrante e nunca espalhafatoso

Nikolai Schukoff se destaca num Erik plenamente lírico: um belo colorido, uma paixão tão forte quando compassada, uma voz tão generosa quanto poderosa.

Um Navio Fantasma perfeito na música e no canto, com uma orquestra e um coro impecáveis.

Ato I

O capitão norueguês Daland e seus marinheiros estão parados numa violenta tempestade. Adormecem, e o Holandês também ancora seu navio, ansiando pelo fim da maldição: a cada sete anos busca um amor em terra firme; quando ela se mostra infiel, ele volta para o mar. Daland aceita dar a mão da filha ao Holandês em troca de riquezas.

Ato II

Na roca de fiar, jovens cantam o amor na casa de Daland. Sua filha, Senta, responde com uma balada sobre o lendário Holândes Errante, que deseja salvar. Erik, que a ama, diz-lhe ter sonhado que ela era capturada pelo satânico Holandês. O pai retorna com seu noivo. O Holandês se enamora da angelical Senta, que jura fidelidade.

Ato III

No navio norueguês, as jovens e os marinheiros comemoram, mas se aterrorizam com os fantasmagóricos marujos que cantam sobre o seu capitão a bordo do navio do Holandês Errante. Em terra, Erik lembra a Senta sua prévia promessa de amá-lo. Ouvindo-os, o Holandês revela sua identidade e retorna ao mar, onde seu navio naufraga. De um despenhadeiro, Senta salta o encontra do amado, e os espíritos dos dois sobem ao céu.